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Wallets e PIX ameaçam liderança do cartão de crédito como meio de pagamento

Conclusão é de estudo da Worldpay, que projeta que carteiras digitais serão predominantes até 2026.

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O uso de cartão de crédito continua forte e ainda é a forma de pagamento predominante em compras via e-commerce ao redor do mundo. No entanto, segundo levantamento do Worldpay, ele segue perdendo essa liderança para outros meios, como o sistema de pagamentos instantâneo PIX, que vem ganhando relevância (já existem 70 sistemas pelo mundo) e as carteiras digitais, a exemplo de PayPal e Apple Pay.

Em 2022, os gastos com cartão de crédito ultrapassaram US$ 13 trilhões em todo o mundo. Só que, segundo o estudo, os consumidores estão pagando cada vez mais por meio de carteiras digitais (wallets) vinculadas a cartões de crédito oferecidos por bancos, fintechs, neobanks, superapps ou estabelecimentos comerciais. 

Carteiras como Alypay, PayPal e ApplePay são os principais métodos de pagamento global no e-commerce, com 49% de participação em 2022, e 32% nos pontos de venda físicos (PDVs). O cartão de crédito correspondeu a 20% das transações globais em 2022 e 26% via PDV.

A projeção é que, até 2026, os pagamentos de compras via e-commerce correspondam a 16% via cartão de crédito contra 54% das carteiras digitais.

As wallets seguem avançando entre os métodos de pagamento de crescimento mais rápido. Em 2022, foram responsáveis por 15% na taxa de crescimento anual composta (CAGR) nos pontos de venda físicos e 12% no e-commerce.

Cai pagamento em dinheiro

Enquanto isso, o pagamento na forma de dinheiro em espécie fica cada vez mais raro, porém continua sendo essencial, segundo o levantamento, que projeta declínio de cerca de 10% no valor transacionado global até 2026. À medida que os governos lançam pagamentos ou até moedas digitais próprias, a aceitação de pagamentos móveis se torna mais barata e fácil. 

Na Índia, Tailândia e Brasil, o crescimento dos pagamentos instantâneos (como o PIX) é o principal fator para o declínio do dinheiro em espécie. Já o rápido crescimento das carteiras digitais é o principal fator na Arábia Saudita e Vietnã.

Em 2021, a participação de dinheiro em espécie em valores transacionados em pontos físicos era de 37% na Índia. Em 2022, esse percentual caiu para 27%. Já na Arábia Saudita, a queda foi de 53% para 39% em igual período.

Mas há países preocupados com o impacto disso em idosos e desbancarizados. Logo, vem sendo introduzida uma nova legislação para retardar o rápido declínio do dinheiro em espécie. Exemplo da França, que recentemente forçou varejistas a aceitarem dinheiro, além de restringir o uso de caixas eletrônicos no horário de pico para conter atividades ilegais no mercado e evasão fiscal.

Já o governo da Itália está pressionando por uma legislação que aumente o limite legal para transações em dinheiro de 1.000€ para 5.000€. Porém, o estudo aponta que não é esperado que a sociedade fique 100% longe do dinheiro, mas vê como mais provável que este dê lugar às moedas digitais de bancos centrais.

Em contrapartida, as criptomoedas engatinham entre os pagamentos de pessoas físicas para empresas (P2B), à medida que os intermediários de pagamentos que convertem as criptos em moeda fiduciária seguem expandindo entre os estabelecimentos comerciais.

  • Confira: O que é P2P e quais suas vantagens?

Pagamento instantâneo em forte alta

Os meios de pagamentos instantâneos, também conhecidos por A2A, estão crescendo fortemente em alguns países. Os estabelecimentos comerciais são atraídos pelo custo drasticamente menor, uma vez que não são intermediados pelas redes de cartões, ao mesmo tempo em que oferecem liquidação instantânea do pagamento. A simplicidade e rapidez também atraem.

No Brasil, o PIX foi lançado em 2020 pelo Banco Central e, um ano depois, já havia dobrado o valor transacionado. Em 2022, o sistema foi responsável por 24% das transações via e-commerce no país, enquanto que um ano antes este percentual era de 12%. A projeção é que até 2026 o sistema abocanhe 35% das transações.

Segundo a GlobalData, as tarifas médias cobradas nas operações do Pix são de 0,22%, ante 1% para cartão de débito e 2,2% para cartão de crédito.

Os pagamentos de pessoa para pessoa (P2P) são dominantes, representando 67% de todas as transações. Apesar de pessoas para empresas (P2B) representarem apenas 23% das transações em 2022, o número de transações P2B via Pix cresceu 209% entre outubro de 2021 e outubro de 2022, passando de 152 bilhões para 472 bilhões.

No Canadá há um sistema similar chamado Interac Online, uma colaboração privada entre os principais bancos canadenses. O sistema foi responsável por 12% das transações no e-commerce no ano passado, ante 8% em 2021. A projeção é que este número salte para 20% até 2026.

Já o “Pix” indiano se chama “Unified Payments Interface“. Ele foi lançado em 2016 pelo Conselho Nacional de Pagamentos da Índia e pelo Reserve Bank of India. O grande sucesso da UPI origina-se em grande parte de sua interoperabilidade com carteiras digitais comerciais como Google Pay. De 2021 para 2022, o sistema saltou de 12% para 19% das transações totais de e-commerce.

Peru e Tailândia são outros países que utilizam de meios de pagamentos instantâneos e que registram crescimento ascendente no uso do sistema.

Cenário competitivo

Segundo a pesquisa, a América Latina viu o Mercado Pago – braço de pagamento do maior marketplace de e-commerce da América Latina, o Mercado Livre – revolucionar os pagamentos digitais na maior parte da região. No entanto, carteiras digitais locais estão surgindo para acirrar a concorrência, a exemplo de PicPay no Brasil, MACH Pay no Chile, Nequi e RappiPay na Colômbia.

O PayPal é a carteira líder na Bélgica, França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido, com participação significativa na maioria dos outros mercados europeus. Já outras marcas internacionais – como Apple Pay, Google Wallet e Amazon Pay – também são populares na Europa.

Já na América do Norte, são os cartões de crédito e débito que fazem a intermediação das principais marcas de carteiras digitais. Shop Pay e Cash App Pay deixam o rali mais acirrado contra PayPal, Google Pay e Apple Pay.

No entanto, até agora nenhum país é como a China, líder global na adoção de carteiras digitais. Alipay e WeChat Pay são os principais players do dragão asiático.

Mas esse sucesso é devido ao papel proeminente dos market places de e-commerce, como Alibaba e JD.com. Estes superapps que oferecem de tudo incorporando QR codes para pagamento em lojas físicas contribuíram para o domínio das carteiras digitais na China, apontou a Worldpay no estudo.

Crédito alternativo

Segundo o levantamento, desde 2018 cresce o interesse dos consumidores por crédito alternativo, cujo modelo é conhecido por “compre agora, pague depois” da sigla BNPL.

Aumento da inflação e das taxas de juros foi o estopim do BNPL oferecer crédito sem juros aos consumidores e com prazos de parcelamento maiores, além de aumentar a transparência dos juros e tarifas para pagamentos em atraso.

Big techs, bancos, redes de cartões e super apps se juntaram às fintechs na corrida pela participação neste mercado, que segundo levantamento, é projetado um crescimento de 16% no valor transacionado via e-commerce até 2026. A Alemanha é onde deve puxar mais o crescimento, seguido por Holanda, Austrália e Estados Unidos.

E-commerce cresce na América Latina

De acordo com o estudo, a demografia jovem e ascendente tornam a América Latina atraente para os estabelecimentos de e-commerce. A pandemia, a popularidade das plataformas locais, como Mercado Livre, a expansão de estabelecimentos internacionais na região, a exemplo de Amazon, Shopify, Disney e AliExpress, também são importantes contribuintes para o crescimento do do setor na região.

Os pagamentos feitos em 2022 nestas plataformas correspondem a 56% do valor transacionado e a previsão é que cresça até duas vezes mais até 2026. Foram movimentados US$ 256 bilhões, sendo a maior parte (US$ 162 bi) via mobile, diz o estudo.

Só no Brasil, foram movimentados US$ 52 bilhões em todo ano passado, montante superior ao transacionado no México (US$ 48 bi), Argentina (US$ 19 bi), Chile (US$ 15 bi), Peru e Colômbia (US$ 12 bi cada). Mas são os argentinos que podem vir a ter o maior crescimento entre todos os países do mundo: 21% até 2026, segundo projeção da Worldpay. Para o Brasil, é esperado crescimento mais modesto, mas ainda interessante: de 11% em igual período.

No âmbito global, a projeção é que cresça 11% para US$ 8,5 trilhões.

Apesar de os cartões de crédito continuarem na liderança em pagamento no e-commerce latino, seguem lentamente perdendo participação para carteiras digitais, além do sistema PIX. É esperado que pagamentos via cartões de crédito cresça 7% até 2026, contra 22% dos pagamentos instantâneos e 21% para carteiras digitais.

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