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Taxas do Tesouro IPCA+ alcançam 8,12% diante da volta do fantasma do desequilíbrio fiscal

Desde a queda da MP que taxava títulos isentos, o juro real dos papéis do Tesouro Direto se mantém perto de 8% ao ano

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Os juros pagos pelos títulos indexados à inflação do Tesouro Direto, os famosos IPCA+, voltaram a subir nesta quarta-feira (22), em meio à tentativa do governo de retomar pontos da medida provisória 1303, que pretendia taxar investimentos atualmente isentos e rever benefícios tributários. A MP foi derrubada pelo Congresso no início do mês e os deputados têm se mostrado resistentes a aprovar novas altas de impostos.

O aumento da taxa paga pelos títulos públicos abre uma oportunidade para investidores, é verdade. O ponto é que esse movimento reflete um ambiente mais incerto e carregado de riscos. Portanto, é preciso considerar o potencial de instabilidade desse papel ao longo do tempo antes de decidir aplicar.

O juro real, ou seja, o valor “extra” acima do IPCA exigido pelos investidores para comprar os papéis, já supera ou está muito perto dos 8% ao ano na maioria dos papéis oferecidos na plataforma.

O Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029 já está pagando um juro real de 8,12% ao ano, ante os 8,07% vistos na terça-feira (21). Os títulos com vencimento em 2040 são negociados a uma taxa de IPCA + 7,34%. Na ponta mais longa, para 2050, o prêmio está em 7,03%.

No Tesouro IPCA+ 2035 e com pagamento de juros semestrais, a taxa alcança 7,66%. O papel mais longo o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2060 tem a parcela de juro real em 7,26%.

Desde o dia 8, quando o governo sofreu a derrota na Câmara dos Deputados na tentativa de emplacar MP 1303, o juro real dos títulos Tesouro IPCA+ tem flertado com o patamar dos 8%. A derrubada da medida, que buscava um aumento de arrecadação da ordem de R$ 20 bilhões, reviveu os fantasmas que estressaram essas taxas no início do ano.

A preocupação de investidores volta a recair sobre o desequilíbrio fiscal, em meio a falta de sinalização por parte do governo de medidas concretas para cobrir o rombo do orçamento em 2026, além da busca por mais receita. Um número crescente de deputados têm se manifestado contra a aprovação de mais aumentos de impostos.

No caso dos prefixados, os títulos com prazo em 2028 trazem taxas de 13,23% abaixo dos 13,42% do início de outubro. O Tesouro Prefixado com vencimento em 2032 aparece com um retorno nominal de 13,71%, abaixo dos 13,79% do dia 8.

Um fator técnico também tem influenciado as taxas dos títulos públicos: o ajuste relacionado a derrubada da proposta do governo de taxar os papéis privados isentos de IR a partir de 2026. Como a medida não vai mais valer, o investidores buscam mais prêmio, porque já haviam incorporado nos preços a possibilidade de cobrança de IR de 5% sobre os títulos.

O movimento das taxas é o contrário dos preços. Com a alta das taxas, os preços dos títulos caem. Isso significa que os investidores podem encontrar um bom ponto de entrada, justamente para “travar” uma alta remuneração em vários vencimentos.

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