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Americanas: credores rejeitam oferta de R$ 7 bi por acionistas de referência
Varejista propôs ainda recompra e conversão de dívida.
A Americanas (AMER3) informou nesta quinta-feira que não conseguiu acordo com grandes credores financeiros após apresentar uma proposta que envolve aporte de R$ 7 bilhões por seus acionistas de referência, além de recompra e conversão de dívida.
O aporte em dinheiro teria suporte dos acionistas Jorge Paulo Lemann, Carlos Sicupira e Marcel Telles. O valor considera financiamento de R$ 2 bilhões “já aportado” divulgado na semana passada, que seria convertido em capital, disse a varejista.
A companhia ainda propôs a conversão de dívidas financeiras de cerca de R$ 18 bilhões, parte em capital e parte em dívida subordinada, e, adicionalmente, uma recompra de R$ 12 bilhões.
A Americanas pediu recuperação judicial no mês passado com dívidas que ultrapassam R$ 40 bilhões, após revelar no início do ano inconsistências contábeis de cerca de R$ 20 bilhões.
A apresentação da oferta nesta quinta-feira era largamente esperada no mercado, à medida que reunia a empresa, bancos e outros credores financeiros. A Americanas disse que o plano foi apresentado por seu assessor Rothschild & Co.
As ações da Americanas avançavam 7,1% na bolsa às 14h32, após terem sido suspensas para a divulgação do fato relevante. Antes, subiam 8,85%, já em meio a notícias sobre a reunião.
A varejista também disse esperar manter “discussões construtivas com seus credores em busca de uma solução sustentada que permita a continuidade de suas atividades”.
Relembre o caso Americanas
No dia 11 de janeiro, a Americanas anunciou inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões, o que resultou na renúncia dos então CEO e CFO da empresa.
Dois dias depois, credores pediram o vencimento antecipado das dívidas da companhia e notícias indicaram que os acionistas de referência propuseram um aumento de capital de R$ 6 bilhões, enquanto bancos credores exigiram um mínimo de R$ 10 bilhões. Na mesma data, a companhia conseguiu uma tutela de urgência na Justiça, suspendendo por 30 dias o vencimento antecipado das dívidas e quaisquer obrigações.
Posteriormente, o BTG Pacutal realizou um pedido para derrubar a medida, que foi indeferido pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Em meio aos desdobramentos, a companhia teve sua nota de crédito rebaixada por agências de classificação de risco.
No dia 19 de janeiro, a Americanas divulgou um comunicado informando que entrou com o pedido de recuperação judicial, que foi aceito pela Justiça horas depois. A varejista informou uma dívida junto aos credores que soma R$ 43 bilhões.
Após a notícia, a B3 informou que excluiu a varejista de todos os seus índices de referência, incluindo o Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira. Já a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou a criação de uma força-tarefa com várias superintendências para analisar o caso. O órgão disse que buscava cooperação com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
O bloqueio de valores a pedido do BTG foi derrubado em decisão judicial dias após o pedido de recuperação judicial ter sido aceito pela Justiça.
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