Negócios
Casino faz acordo de reestruturação de dívida liderado por bilionário tcheco
Rede francesa vai receber investimento de 1,2 bilhão de euros.
O francês Casino, controlador do GPA (PCAR3) no Brasil, anunciou nesta sexta-feira (28) acordo de reestruturação de dívida com credores liderados pelo bilionário tcheco Daniel Kretinsky, mas suas ações caíram 11%, uma vez que os acionistas serão “massivamente diluídos”.
O acordo prevê injeção de 1,2 bilhão de euros em dinheiro novo no Casino e a dívida de 6,4 bilhões será reestruturada. Um consórcio liderado por Kretinsky acabará ficando com entre 50,4% e 53% das ações do Casino.
O sexto maior varejista da França ficou à beira da inadimplência depois de anos de acordos de aquisições de empresas financiados por dívidas e recentes perdas de participação de mercado para grupos rivais.
Na semana passada, a diretoria do Casino aprovou negociações com o consórcio liderado pela empresa de Kretinsky, a EPGC, juntamente com o maior credor do Casino, a Attestor, e o segundo maior acionista, a Fimalac. O consórcio foi formado para resolver as diferenças entre os credores com relação a uma solução para a dívida.
O acordo põe fim ao reinado de 30 anos do presidente-executivo e acionista controlador do Casino, Jean-Charles Naouri, 74 anos, que controla o Casino por meio de sua holding Rallye.
“Os acionistas do Casino serão massivamente diluídos e a Rallye perderá o controle do Casino”, disse o grupo. As ações da Rallye caíram 20%.
Dos 1,2 bilhão de euros em novas ações, 925 milhões serão reservados para o consórcio e 275 milhões de euros para os credores e acionistas existentes, por ordem de antiguidade, de acordo com a apresentação da oferta do Casino.
O analista da Bryan Garnier, Clement Genelot, argumentou que o Casino precisa de 2,5 bilhões a 3 bilhões de euros de dinheiro novo para se recuperar, muito mais do que o acordo oferece.
Em uma declaração conjunta, Kretinsky disse que havia chegado o momento de fazer com que o Casino volte a “avançar e crescer”.
Kretinsky, 47 anos, ex-advogado de um banco de investimentos que construiu um dos maiores grupos de energia da Europa, vem adquirindo ativos no varejo, na mídia e em outros setores, comprando participações na varejista francesa Fnac-Darty, na rede de supermercados britânica Sainsbury’s e na mercearia alemã Metro, bem como no jornal francês Le Monde.
O consórcio tem como objetivo finalizar um acordo de vinculante em setembro e concluir toda a reestruturação no primeiro trimestre de 2024.
O Casino também informou que obteve acordo dos credores de uma linha de crédito rotativo para renunciarem ao direito de exigirem pagamento em caso de inadimplência.
O acordo converterá 4,9 bilhões de euros de dívida em ações, o que, juntamente com os 1,2 bilhão de dinheiro novo, reduzirá o endividamento do grupo em 6,1 bilhões de euros, de acordo com uma apresentação do Casino.
Novo plano de negócios
Na sexta-feira, o Casino reformulou sua previsões para 2023, reduzindo meta de margem Ebitda na França para 1,4%, de 2,9%, e as vendas para 14,9 bilhões de euros, de 15,3 bilhões.
Em um momento em que o setor varejista tradicional da França está se adaptando à ascensão do comércio eletrônico e das redes de supermercados com grandes descontos, os novos proprietários do Casino planejam aumentar os gastos com marketing, melhorar o serviço nas lojas e impulsionar as ofertas de compras online, conforme plano de negócios apresentado nesta sexta-feira.
O grupo pretende “gerar sinergias entre as bandeiras, capitalizando os pontos fortes do grupo”, como a oferta de vestuário nas lojas Monoprix, que são mais sofisticadas e estão concentradas nas grandes cidades.
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