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Mais uma gigante chinesa chega ao Brasil para acirrar competição no e-commerce

Você ainda vai ouvir falar bastante da Temu, marketplace pertencente à Pinduoduo.

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Mais uma gigante chinesa se prepara para desembarcar no comércio eletrônico brasileiro ainda neste semestre, acirrando mais a competição entre as varejistas tradicionais – nacionais e estrangeiras. Trata-se da Temu, um marketplace pertencente à Pinduoduo (PDD Holdings), de quem você ainda vai ouvir falar bastante. 

A plataforma da maior empresa de social commerce do mundo vinha testando suas operações nos Estados Unidos, onde provocou um congestionamento do tráfego de carga aérea diante das promessas de entregas rápidas. Com um amplo sortimento de produtos e preços agressivos, a Temu fatura só nos EUA o dobro das rivais Shein e Shopee.

Temu fatura o dobro das rivais Shein e Shopee só nos EUA

Ao todo, o volume global bruto de mercadorias (GMV) da Pinduoduo chega a US$ 450 bilhões por ano. Para se ter uma ideia, o valor é dez vezes maior que o do Mercado Livre (MELI34). A Temu tem presença em 18 países, com operações na Europa e Oceania, além da América do Norte e promete agitar o varejo, agora também na América do Sul.

Além da 25 de Março

Para quem tem a impressão de que o e-commerce chinês no Brasil é apenas uma versão online do comércio popular das principais ruas e bairros de São Paulo, como a 25 de Março, Santa Ifigênia, Brás e Bom Retiro, a Temu chega ao país para surpreender. Em relatório de junho de 2023, analistas de varejo da XP afirmam que nada se compara à plataforma.

“Diferentemente da Shein, que é reconhecida como uma plataforma de moda, a Temu possui um sortimento muito mais amplo, com mais de 30 grandes categorias de produtos”

Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday, analistas da XP, em relatório

Entre as categorias, estão pets, vestuário, brinquedos, casa e eletrônicos. À primeira vista, então, pode até ser mais comparável à proposta da Shopee. “No entanto, a Shopee tem um modelo de negócios semelhante ao da Shein, ajudando os fabricantes a entender melhor as necessidades dos consumidores, levando à maior precisão e eficiência”, emendam.

Portanto, o posicionamento da Temu não é apenas conectar potenciais clientes diretamente aos fabricantes chineses. O foco também vai além da relação entre custo e benefício ao consumidor, alavancada por preços baixos e fretes grátis, combinada ainda por uma forte estratégia de descontos. 

Segundo o fundador e CEO da Ablelive, Yan Di, a proposta da Temu é bem diferente. “A compreensão do PDD sobre os hábitos dos consumidores, o controle da cadeia de abastecimento e o uso do marketing está entre os melhores do mundo”, afirmou, em postagem no Linkedin em 2023.

Dividida em três partes na qual discorre sobre “Quem sobreviverá no e-commerce brasileiro”, o ex-country manager da Aliexpress lembra que o “maior e mais maduro mercado de e-commerce do mundo é o da China”, com GMV global de US$ 2,3 trilhões.

Trata-se de um valor três vezes superior ao dos EUA. Além disso, Di destaca que o maior mercado logístico do mundo também é o da China, que envia 100 bilhões de pacotes por ano, cinco vezes mais do que os EUA. Para ele, “a disseminação da tecnologia e modelos de negócios da China para o Brasil e o resto do mundo é simplesmente inevitável”.

Nova ameaça?

Sendo assim, a Temu chega ao Brasil para criar tendências no varejo online, como a live/short video commerce, e um mercado horizontal, reduzindo custos por controlar grande parte da cadeia de abastecimento e de fornecedores. Aliás, trata-se de uma operação semelhante ao que faz a BYD, no mercado de carros elétricos.  

Temu chega ao Brasil para criar tendência com mercado horizontal, tal qual a BYD

Nesse sentido, o fundador da Ablelive lembra que a China já é a fonte da grande maioria dos produtos consumidos no Brasil. “Em um mercado extremamente sensível ao preço como o Brasil, o mais importante para o e-commerce é ter um controle sobre a fonte dos produtos”, afirmou Yan Di, na primeira parte do post que viralizou no LinkedIn.

Ele lembra que a maioria dos marketplaces brasileiros vendem produtos direta ou indiretamente importados da China. Para o chinês, que mora há cerca de 20 anos no Brasil e tem passagens também pela Huawei e Baidu, os três pilares principais do e-commerce são: produto, preço e experiência (logística, marketing e etc.).

Por isso, para a XP, a Temu representa um risco muito menor para os varejistas brasileiros de vestuário do que a Shein. “A Temu pode ser um risco para o cenário competitivo das plataformas de e-commerce, principalmente por causa da estratégia de preços agressiva”, afirmam a chefe de varejo Danniela Eiger e os analistas Suedt e Senday.

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