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Mesmo com recuo na produção, Vale deve ter bons resultados, dizem analistas
Mineradora divulgou na véspera relatório de produção e vendas do quarto trimestre de 2022 com números abaixo da meta.
A Vale (VALE3) divulgou na terça-feira (31) seu relatório de produção e vendas referentes ao quarto trimestre e do acumulado de 2022. Apesar de números abaixo das projeções, analistas estimam que a mineradora deve apresentar bons resultados no balanço dos quatro últimos meses do no passado.
A companhia produziu 307,79 milhões de toneladas de minério de ferro em 2022, queda de 1,6% ante o ano anterior, com recuo ainda maior nas vendas, diante de atrasos em licenciamentos em Serra Norte e performance operacional na importante mina S11D, no Pará. O volume ficou abaixo da meta recentemente revista pela companhia para o ano, de 310 milhões de toneladas.
Já as vendas da commodity somaram 260,66 milhões de toneladas no ano passado, uma queda de 3,8% na comparação com 2021.
Apesar de abaixo das projeções, analistas da Genial Investimentos disseram em relatório esperar que as fortes vendas de um trimestre de queima de estoque, atreladas a uma melhor realização de preços por conta do aumento do provisionado, deve resultar em números fortes para a Vale no quarto trimestre de 2022.
“Nossa percepção é o grande destaque para o resultado do quarto trimestre de 2022 está justamente em uma melhora no preço provisionado, que costumava ser um detrator no preço realizado durante os outros trimestres de 2022”, disse a Genial.
Na mesma linha, analistas da XP Investimentos, avaliaram que, apesar dos números apresentados abaixo da meta da mineradora, bons preços devem salvar o trimestre.
A Levante Investimentos destacou em relatório que, mudando a estratégia, dizem acreditar que o mercado passará a dar um foco maior aos prêmios e à produção de produtos de maior valor agregado, diminuindo a “pressão” sobre o número bruto de minério produzido pela organização.
Além disso, a casa de análise avalia ainda que a entrada da Cosan no conselho da mineradora deve trazer um sócio com grande expertise operacional, o que deve ser bem recebido pelo mercado.
Perspectivas
Igor Guedes, Ygor Araújo e Renan Rossi, analistas da Genial, acreditam que a Vale está bem-posicionada para colher os frutos da reabertura chinesa, apesar de enfrentar morosidade em licenciamentos ambientais.
“Gostamos da tese da mineradora pela sua grande capacidade de execução, porte para ganhos em escala, e minas em localidades com alto teor de ferro no minério, na frente dos pares australianos”, apontaram os analistas da corretora em relatório.
Em relação à divisão de metais básicos, a Levante Investimentos afirmou em relatório que a Vale busca um parceiro estratégico para estas operações e que, por isso, acreditam que um acordo pode ser anunciado em breve, o que deve destravar valor para a companhia.
“Com ou sem um parceiro, a produção de níquel e cobre deve crescer substancialmente nos próximos anos, por conta dos projetos que já vêm sendo executados pela empresa. Ainda, destacamos a importância destes dois produtos para a transição energética, o que deve impulsionar a demanda”, disse a Levante.
A XP, por sua vez, disse que ainda gosta da história de longo prazo da Vale e acredita que muitos investidores estão pessimistas em relação aos preços do minério de ferro no longo prazo.
Recomendação para a ação da Vale
Analistas da Genial investimentos afirmaram que, apesar de estarem posicionados com um tom pessimista sobre a China para longo prazo, o curto prazo pode trazer frutos importantes para as empresas de mineração, principalmente a Vale.
“Mesmo de maneira prematura com a reabertura, já podemos enxergar grandes efeitos do evento no resultado a ser apresentado no quarto trimestre de 2022, puxando, principalmente, o quesito de preço, que vinha sofrendo quedas bruscas ao longo de 2022, com um cenário mais desafiador se desenhando”, destacou a Genial.
Em meio a este cenário, os analistas da corretora reiteram a recomendação para o papel da Vale de “manter”, com elevação do preço-alvo para R$ 105 ante R$ 95 por ação.
Já os analistas André Vital, Guilherme Nippes e Helena Kelm, da XP, mantêm classificação de compra para o ativo da mineradora.
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