Negócios
Petrobras avança na transição energética com produção de biocombustíveis
Estatal compra tecnologia para produzir bioquerosene de aviação e diesel renovável com óleo de soja e sebo bovino.
Dando continuidade à investida em projetos sustentáveis, a Petrobras (PETR4) anunciou nova parceria estratégica antes do apagar das luzes de 2023. No último sábado (30), a estatal assinou contrato para importar uma nova tecnologia para a produção de diesel 100% renovável (HVO) e bioquerosene de aviação, o BioQav.
Em comunicado, a empresa afirma que irá adquirir a tecnologia HEFA (Ésteres Hidroprocessados e Ácidos Graxos, na tradução livre) junto à empresa Honeywell UOP, uma das licenciadoras mais reconhecidas mundialmente em solução para a produção de biocombustíveis.
Com isso, a Petrobras poderá produzir HVO e Combustível Sustentável de Aviação (SAF, na sigla em inglês) a partir de fontes renováveis, como óleo de soja e sebo bovino. A parceria estratégica é crucial para a entrega de novos produtos, em direção a um mercado de baixo carbono.
“A iniciativa é um dos destaques do Programa de BioRefino e parte importante do plano de descarbonização da companhia”.
Marcella Ungaretti e Luiza Aguiar, analistas de ESG da XP Investimentos, em relatório.
O Programa BioRefino da Petrobras prevê investimentos de US$ 1,5 bilhão nas refinarias para desenvolvimento de combustíveis mais eficientes e sustentáveis, com menos emissão de gases de efeito estufa (GEE). Ao todo, o plano estratégico da companhia 2024-2028 contempla investimentos de US$ 11,5 bilhões, com foco na transição energética.
Por isso, os estudos para produção de projetos de baixo carbono continuarão em andamento, afirma a Petrobras. Vale lembrar que em outubro, a Embraer (EMBR3) realizou testes de voo de aeronaves movidas a SAF, o que realça o envolvimento de boa parte da indústria para tornar o uso do “combustível verde” uma iniciativa comercialmente viável.
Em nota, executivos da Petrobras destacam que a iniciativa está em linha com as demandas da sociedade e com um mundo em transformação, conciliando a produção de derivados de petróleo com menor pegada de carbono e a produção de combustíveis com conteúdo renovável.
Espere mais por aí…
Em relatório, o analista Daniel Cobucci, do BB Investimentos, lembra que o ano de 2023 da Petrobras foi marcado pela entrada em energias renováveis (vide abaixo). Com isso, ele já alertava para a possibilidade de novos anúncios da companhia em projetos mais ligados a fontes renováveis de energia, com novas aquisições e parcerias estratégicas.
“Também deve se esperar por um aumento na diversificação das linhas de negócio para ofertar produtos voltados à energia renovável, como negócios em biometano, SAF, E2G e biocombustíveis”.
Daniel Cobucci, analista do BB Investimentos, em relatório.
Aliás, Cobucci lembra que trata-se de algo que empresas globais do setor têm feito em direção à transição energética. É o caso da ADNOC, dos Emirados Árabes Unidos, e da Saudi Aramco, da Arábia Saudita, que se tornaram exemplo da “agenda verde” no mundo árabe, colosso das reservas naturais de hidrocarbonetos.
Porém, o analista do BB Investimentos alerta que com a entrada no segmento de renováveis, pode haver eventual alocação de recursos por parte da Petrobras em projetos com retornos menores do que o custo de capital da companhia. Segundo ele, trata-se de um dos principais riscos no que se refere às perspectivas das ações da estatal em 2024.
Para Cobucci, esse caminho de diversificação que a Petrobras vem criando ligado à transição energética deve resultar em um menor patamar de dividendos no curto prazo, após proventos ainda robustos no terceiro trimestre. Ao mesmo tempo, porém, possibilita uma atuação em segmentos que devem complementar o portfólio para demandas futuras.
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