O anúncio da parceria entre a Weg (WEGE3) e a Petrobras (PETR3; PETR4) nesta quarta-feira (13) não passou despercebido pelo mercado financeiro. A ação da empresa de bens de capital fechou em alta firme, depois de subir quase 6% durante o pregão. Já os papéis da estatal petrolífera caíram cerca de 1%, cada.
No entanto, a notícia agradou os investidores, mas não apenas pelo fator inesperado. Afinal, o anúncio da parceria para a geração de energia eólica em terra (onshore) foi uma “surpresa”, resume o analista da Guide Investimentos, Matheus Haag. “Não estava no radar do mercado”, comenta.
Apesar da reação positiva, em especial para a Weg, o Itaú BBA lembra que esses projetos estão em fase muito inicial e ainda programados para passar por diversas etapas técnicas, análises de viabilidade econômica e ambiental até que estejam maduros o suficiente para entrarem em vigor e serem considerados uma proposta concreta de investimento.
Há ainda dúvidas sobre o custo de implementação, como apontou em relatório o analista Ygor Araújo, da Genial Investimentos. “Como mencionamos anteriormente, tais projetos vão ter um alto custo de implementação em termos de R$/MWh e, em meio a preços de energia pressionados, temos dúvida se os projetos se tornarão em bons negócios para as empresas.”
Ainda assim, o negócio é estratégico e tem potencial de criar oportunidades no mercado de energia para ambas as empresas, em meio à transição em direção às fontes renováveis.
“A Petrobras demonstra ao mercado que aumentará seus investimentos em energia limpa, conforme discursos dos presidentes Lula e (Jean Paul) Prates, e deve utilizar a expertise da Weg como fornecedor e desenvolvedor de tecnologia eólica”
sócio da GT Capital, Marcus Labarthe
Portanto, considerando-se o tamanho do investimento e da parceria entre as empresas, “não tem como não agradar o investidor”, emenda Labarthe.
Aliás, especialistas dizem que se trata de uma cooperação de ganha-ganha (win-win), de benefício mútuo não apenas para as empresas envolvidas e os investidores, mas também para o Brasil. Isso porque o mundo enfrenta os desafios da transição energética em busca do crescimento econômico sustentável. Para tanto, é preciso ter energia barata e limpa.
Ganha-ganha
De um lado, a Petrobras tem investido na transição energética para compensar a emissão de gás carbônico. Ainda na quarta-feira, ao falar da parceria, o diretor executivo da estatal, Maurício Tolmasquim, disse que a busca por parceiros na área de renováveis representa uma forma de “ganhar tempo” na descarbonização do portfólio da empresa.
A Petrobras está entrando com disposição na corrida por uma “política verde” e com inserção global. Tanto que o anúncio da parceria com a Weg ocorre dias depois da viagem de uma comitiva de alto escalão da Petrobras à China, tida como um “parceiro decisivo”, e também poucos meses após o memorando de entendimento (MoU) com a Equinor para avaliar projetos de geração de energia eólica em alto-mar (offshore) na costa brasileira.
Tal negócio pode criar oportunidades de negócios para a Weg, abrindo caminho para o mercado de energia eólica em terra e nas águas. “Portanto, caso a Weg decida reavaliar sua estratégia e entrar neste mercado, esta nova turbina eólica offshore começaria a funcionar com um grande pedido da Petrobras e da Equinor”, destaca o Bradesco BBI.
O acordo assinado entre a Petrobras e a Weg inclui a intenção de desenvolvimento de energia eólica offshore no Brasil. “Este acordo é mais um passo na melhoria do portfólio de energia eólica da Weg”, avalia o BTG Pactual. Para o banco, essas oportunidades devem ajudar a garantir o crescimento da receita líquida da empresa de bens de capital.
Além disso, a parceria entre as empresas se estende à cadeia de suprimentos e logística, ressalta a Levante Investimentos. “A parceria beneficia a Weg ao reduzir os riscos e acelerar o desenvolvimento de um projeto complexo, aproveitando o suporte financeiro e técnica de uma empresa relevante e capitalizada, como a Petrobras”, diz, em relatório.
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