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Varejo de alta renda está entre os destaques de balanços no 2º tri

Empresas do setor de atacarejo também foram consideradas destaques positivos.

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Embora o segundo trimestre tenha sido um período ainda desafiador para as varejistas brasileiras, os balanços dessas empresas apontaram indicadores melhores, em especial companhias ligadas ao público de alta de renda e o atacarejo. É o que apontaram especialistas ouvidos pelo InvestNews sobre os últimos números das companhias do setor.

“Vimos a manutenção da dinâmica do primeiro trimestre com a inflação pressionando os custos e afetando as margens da maioria das companhias, mas algumas já mostram sinais de recuperação em termos de vendas. Em linhas gerais, a temporada de resultados foi mais forte do que esperávamos. Foram mais surpresas positivas do que negativas”, afirmou Carlos Daltozo, head de research da Eleven Financial.

Dentre as companhias que se destacaram positivamente na opinião do especialista estão a fabricante de calçados Arezzo (ARRZ3) e o Grupo Soma (dono de marcas de vestuário como Farm e Hering) (SOMA3).

Danniela Eiger, head de varejo da XP, também destaca essas empresas, e aponta ainda as redes supermercadistas Assaí (ASAI3), Atacadão, que pertence ao Carrefour (CRFB3), e o Grupo Mateus (GMTA3) como resilientes.

Em contrapartida, a fabricante de cosméticos Natura (NTCO3), a Alpargatas (ALPA3 ALPA4) (dona da Havaianas) e a Via (VIIA3), dona das Casas Bahia, estão entre os destaques negativos. Confira abaixo:

Destaques positivos

Alta renda

Para Eiger, da XP, Arezzo, Vivara e Grupo Soma tiveram performance sólida no segundo trimestre de 2022 e foram os destaques positivos da temporada. A especialista ressaltou que o Grupo Soma apresentou resultados bem acima do esperado.

O lucro líquido ajustado de R$ 131 milhões superou em 33% as previsões da XP, enquanto o lucro antes de juros impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 211 milhões veio 19,3% acima do estimado.

Daltozo, da Eleven, por sua vez, mencionou a Arezzo como principal destaque, “com vendas nas mesmas lojas crescendo de maneira significativa”.

Embora tenha registrado patamar de crescimento menor do que o segundo trimestre do ano passado, as vendas mesmas lojas em sell out (direta para o consumidor) subiram 54,4% no mesmo período deste ano. “Realmente foi um número forte e o mercado esperava um impacto maior de inflação e que esse patamar viesse muito abaixo. A empresa mostrou efetividade da estratégia de multimarcas”, diz o analista.

A fabricante de calçados registrou crescimento de 71% da receita, ante o mesmo intervalo do ano passado. Daltozo reiterou que o resultado positivo foi impulsionado pelo recorde de faturamento no Dia das Mães e assertividade nas coleções.

Ele também mencionou a margem bruta recorde de 56% no trimestre, com expansão de 2,1 pontos percentuais no comparativo anual. “Devido as maiores vendas a preço cheio, melhora de rentabilidade na operação de franquias e aumento da penetração de sell out na receita”.

Atacarejo

Além disso, na visão de Eiger, os atacarejos apresentaram maior resiliência no período. Na lista de preferências estão Assaí, Atacadão e Grupo Matheus.

“São companhias que tiveram uma performance muito boa, tanto de crescimento como em margem. No caso do Grupo Mateus havia mais incerteza se iam conseguir gerar caixa e ter dinâmica de rentabilidade, e não foi o que aconteceu”.

O Grupo Mateus apresentou uma geração de caixa levemente positiva de R$ 36 milhões no segundo trimestre, enquanto a margem Ebitda ficou em 6,8%, contra previsão de 4,5% da XP.

Sobre o Assaí, a especialista afirmou que a receita líquida da empresa cresceu 33% no comparativo anual e foi puxada por um forte crescimento de vendas mesmas lojas “por conta de um maior fluxo, alavancado pela recuperação do canal B2B (bares, restaurantes, transformadores), e crescimento de volumes, enquanto o plano de expansão da companhia continua a todo vapor”.

Destaques negativos

De acordo com o especialista da Eleven, as empresas mais alavancadas sofreram com uma despesa financeira maior, como foi o caso de Via, dona das Casas Bahia, que teve um resultado financeiro negativo de R$ 574 milhões no segundo trimestre.

A inflação continua apertando as margens e as empresas mais alavancadas seguem com resultado financeiro negativo, deixando a última linha com lucro mais fraco ou até mesmo prejuízos”, avaliou Daltozo.

Do lado negativo, Eiger apontou a fabricante de cosméticos Natura. “A empresa teve um resultado bastante ainda impactado por todo o desafio macro, o câmbio, o conflito entre Rússia e Ucrânia e as reestruturações que estão acontecendo na Avon”, diz.

Outra companhia que apresentou dificuldades durante o trimestre foi a Alpargatas. “A companhia teve dinâmica peculiar no internacional, fez alterações nos Estados Unidos, o que impactou bastante o volume no país e também na China, onde sofreu bastante o impacto do lockdown e de novas restrições que aconteceram por conta da pandemia”, descreve Eiger.

Por outro lado, apesar da performance fraca das companhias, a XP tem recomendação de compra para as ações de Natura e Alpargatas. “Acreditamos na tese estrutural dessas companhias, mas entende que existe um curto prazo bastante volátil pela frente, até que a gente consiga ver mais benefícios materiais tanto da expansão internacional, no caso da Alpargatas, como a reestruturação da Avon, no caso da Natura. A gente acredita que seja algo para 2023.”

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