Tecnologia
Para onde caminha o metaverso?
Na estreia desta coluna, apresento as primeiras análises sobre o mercado de NFTs, impactos na educação e ESG nas empresas pelo metaverso.
Depois do hype de 2021, tendo as palavras metaverso e NFTs sendo umas das mais pesquisadas no Google, o mercado começa a avaliar os primeiros dados relacionados às transações de NFTs e os experimentos de grandes marcas em metaversos, como Decentraland, The Sandbox e Upland. Da mesma forma que analisamos a saúde financeira de um negócio, seja através do faturamento, margem, market share, redução de custos ou prazos de entregas, iremos analisar também alguns KPIs deste início de ciclo da web3.
Além das transações NFTs, sugiro olharmos outros segmentos que começam a ser impactados pelo metaverso, como a educação, uma vez que estamos falando de oferecer uma melhor experiência para alunos e colaboradores; e o ESG, enaltecendo um dos principais pilares do metaverso, que é a descentralização.
NFTs em números
Apesar de uma queda de 46,96% do número de vendas de NFTs durante o segundo trimestre de 2022 (14.040.708 vendidas) quando comparado ao quarto trimestre de 2021 (7.447.443 vendidas) (fonte: NonFungible.com) o volume em dólar de transações qualificadas teve uma queda de apenas 4,6% quando comparando os mesmos períodos.
Em 2021, tivemos boa parte das transações oriundas dos games NFTs play-to-earn, principalmente do Axie Infinity, responsável por grande parte das operações. Isso significa que esses jogos perderam um pouco a sua força e para quem gosta de olhar o copo meio cheio o valor médio de um NFT dobrou. As empresas começam a experimentar o metaverso e a lançar as suas coleções NFTs.
Educação
Os primeiros projetos com o metaverso na sala de aula começam a acontecer. Experiências imersivas, conteúdo lúdico, ambiente 3D, áudio espacial, avatares e gamificação. O objetivo é que as plataformas de metaverso aumentem a capacidade de absorção de alunos e colaboradores, quando comparadas às ferramentas de videoconferência, que já causaram a fadiga dos usuários desde os primórdios da sua utilização. No metaverso as pessoas participam de forma ativa durante um programa de capacitação, treinamento ou workshop comandando os seus avatares. O anfitrião mensura o conhecimento através de atividades gamificadas.
Desta forma, as pessoas não “caem no tédio” de uma ferramenta que tem como finalidade fazer uma videoconferência, mas que durante a pandemia foi utilizada para capacitá-las. Seja no Zoom, Teams ou Google Meet, as pessoas desligam a câmera, o áudio, leem e-mails, navegam na internet ou checam mensagens no WhatsApp. No final não prestam a devida atenção e aprendem menos. No metaverso todos se tornam protagonistas, conversam, interagem, aprendem e tem seu conhecimento mensurado e reconhecido, seja você um aluno, um recém-contratado na empresa ou integrante da força de vendas de uma empresa.
ESG
Muito tem se falado sobre as práticas ESG nas empresas. A minha sugestão é ver parte das receitas geradas pelos NFTs serem destinadas aos bons projetos sociais e educacionais. Se você parar para pensar que esta é uma receita que ainda não existe para a maioria das empresas, seria importante que quando uma marca criar a sua estratégia para entrar no metaverso, já deixar um percentual destinado para estes projetos. Tudo muito embrionário ainda, mas com um potencial de gerar milhões, principalmente para o social do ESG. Vamos aguardar a evolução desta prática.
O melhor momento
Recentemente, em uma entrevista o CEO da Epic, Tim Sweeney, disse que o metaverso já está acontecendo. “Se você observar Fortnite, Roblox, Minecraft e outras experiências de entretenimento social 3D em tempo real, poderá identificar prontamente pelo menos 600 milhões de usuários ativos mensais em um meio que cresce a uma taxa significativa a cada ano. Então, não há dúvida de que esse fenômeno está acontecendo. A única questão é: quando chega a bilhões de usuários.”.
Aqui, vale lembrar, que o metaverso não é só um vídeogame ou somente uma nova plataforma para as marcas de luxo e moda. NFT, apesar de haver muito, não é somente especulação. Isso acontece em qualquer mercado que envolve transações. Neste caso o melhor remédio é se interessar cada vez mais pelo assunto, estudar e analisar os primeiros cases.
Para quem perdeu a onda ou entrou muito atrasado na web 1.0 (sites) e repetiu o erro na web 2.0 (mídias sociais) que tal se tornar um “early adopter” na web 3? Se ainda está em dúvida a pergunta é: “O que te impede de experimentar?”
Sim, o metaverso levará um tempo para atingir um formato ideal (se é que isso existe), mas hoje, ele começa a criar uma nova ponte entre marcas e consumidores através das experiências imersivas e cada vez mais interativas, além de levar o conceito de comunidades para o próximo nível, no qual avatares com um mesmo interesse em comum se encontram num metaverso, conversam, compram, se divertem e estudam.
No final do dia serão os novos embaixadores (avatares) da marca no metaverso, além de investidores, pois eles irão deter NFTs que geram receitas tanto para a empresa, quanto para eles próprios no mercado secundário. Basta saber em qual(s) metaverso(s) estes consumidores acessarão e quais tipos de experiências, NFTS e benefícios no mundo físico as marcas irão oferecer para os nossos avatares.
Chegou a hora das empresas começarem a surfar nessa onda no momento correto: o agora, sem medo de errar, com muita vontade de experimentar e escutar o que geração Z, os testadores oficiais do metaverso, farão com a sua renda daqui alguns anos.
Nos vemos do outro lado!
*Fernando Godoy é empreendedor serial há mais de 25 anos em tecnologia e inovação nos EUA e no Brasil, especialista em experiências imersivas e metaverso, pioneiro na utilização da realidade aumentada, virtual e mista. Fundador da Flex Interativa e Cervejaria Leuven, autor dos livros Metodologia Startup Village e Revolução Metaverso (breve lançamento), palestrante, professor, mentor e investidor de startups. |
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