A China precisa de mais robôs industriais. Mas será que vai conseguir desenvolvê-los?
A produção local de robôs industriais está aumentando, mas os fabricantes japoneses e europeus ainda têm importância
A abundância de mão de obra barata já foi uma razão pela qual aparentemente tudo é feito na China. Mas, com o aumento dos salários e o envelhecimento da população, os robôs industriais são cada vez mais comuns no chão de fábrica do país. Agora, a China também quer produzir esses robôs.
Por ser a fábrica do mundo, é natural que a China seja de longe o maior mercado de robôs industriais. O país instalou mais da metade deles globalmente em 2022, de acordo com a Federação Internacional de Robótica.
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Existem razões pelas quais a automação de fábrica deve continuar a crescer no longo prazo. A população chinesa está envelhecendo e, juntamente com suas ambições de subir na cadeia de valor da manufatura, fábricas mais automatizadas parecem ser a resposta. Em uma base por número de funcionários, a penetração de robôs industriais na China ainda está atrás de economias manufatureiras avançadas, como Coreia do Sul, Alemanha e Japão.
E, fora da China, o impulso para a realocação da manufatura nos países desenvolvidos, onde os salários são mais altos, também pode impulsionar a demanda por automação industrial.
No entanto, esse mercado de automação esteve em queda no ano passado. Isso se deve em parte a uma ressaca de excesso de investimento na China em setores como baterias e painéis solares. Lá, a capacidade de fabricação desses produtos de energia verde aumentou: o setor representou de 15% a 25% da demanda total por equipamentos de automação de fábrica em meados do ano passado, de acordo com a Bernstein.
O lucro operacional de sete empresas japonesas relacionadas à automação de fábrica caiu 10% no segundo trimestre em relação ao ano anterior, segundo o Morgan Stanley. Mas, ultimamente, há sinais de retomada, já que muitas dessas empresas também relataram um aumento dos pedidos. Na Fanuc, que fabrica robôs industriais, os pedidos aumentarem 14% no último trimestre em comparação com o anterior.
Uma recuperação mais ampla do investimento de capital na China beneficiaria essas empresas, dado o tamanho do mercado. Porém, cada vez mais, a China também está se tornando uma fonte de competição. No primeiro semestre deste ano, os produtores chineses detinham mais da metade do mercado de robôs industriais no país, de acordo com a empresa de pesquisa MIR Databank. Isso se compara a cerca de 36% em todo o ano de 2022.
Empresas japonesas e europeias, como a Fanuc e a suíça ABB, costumavam dominar o campo, mas as chinesas como a Shenzhen Inovance Technology e a Estun Automation estão crescendo. Em particular, as empresas chinesas rapidamente ganharam participação no segmento de robôs colaborativos, ou cobots, que são projetados para trabalhar ao lado de humanos.
É importante ressaltar que as empresas estrangeiras ainda dominam alguns dos produtos mais sofisticados. Por exemplo, a Fanuc continua a ser líder de mercado em sistemas de controle numérico computadorizado, que funcionam basicamente como o cérebro das máquinas/ferramentas.
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Tanto a tendência de demanda em longo prazo quanto uma recuperação no curto prazo devem beneficiar empresas com liderança em tecnologia como a Fanuc. Suas ações sofreram nos últimos anos: ainda estão cerca de 20% abaixo de seu pico em 2021. A China é um mercado significativo, respondendo por 23% de suas vendas no último trimestre, mas também tem uma forte presença nas Américas e na Europa.
Em última análise, a China é um mercado grande o suficiente para que os provedores de automação locais e estrangeiros prosperem lá. Mas apenas se a economia chinesa conseguir se recuperar.
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traduzido do inglês por investnews