O artigo defende que estamos vivendo um momento crucial, no
qual todos os países precisam investir em suas jovens meninas. Caso contrário,
o risco de regressão é real sobre tudo aquilo que tudo foi conquistado aqui
até.
Atualmente, as jovens são maioria em relação aos homens nas universidades e a velocidade dessa mudança tem sido incrível. Isto porque há 50 anos apenas 49% das meninas em idade escolar em países de renda média baixa estavam na escola, em comparação com 71% dos meninos. Hoje a participação de ambos é de cerca de 90%.
Um estudo recente do Citigroup e da Plan International estimou que se um grupo de economias emergentes garantisse que 100% de suas meninas concluíssem o ensino médio, isso poderia levar a um aumento duradouro de seu PIB (Produto Interno Bruto) de 10% até 2030. Isso é muito relevante!
Eu acredito muito em investir na base, na importância que
essas jovens representam para nossa sociedade, com seus sonhos, coragem e
vontade de fazer.
Porém, o relatório
anual do World Economic Forum traz os principais desafios que devemos
enfrentar daqui para frente, entre eles estão as doenças infecciosas, questões
climáticas, estagnação prolongada, desigualdade de acessos digitais e a
desilusão jovem.
Esse termo “desilusão jovem” me tocou de forma avassaladora. Talvez porque o meu projeto – a Fin4She – tenha me dado a oportunidade de me conectar com tantas meninas, ouvir seus sonhos, dilemas e, principalmente, aprender com essa nova geração que eu particularmente acredito muito.
Mas acho que o principal motivo foi pelo fato de eu nunca ter pensado sobre isso. Sobre esse impacto nos jovens. Esses jovens que são a nossa base, o início de toda a transformação, que serão os líderes do futuro.
Muitos estudos trazem os impactos que vamos sentir nos
próximos 2 anos por conta da Covid-19. Entre os impactos, há grandes riscos
para os jovens que passaram seus anos de formação espremidos entre uma recessão
e a pandemia. O isolamento social tirou dos jovens as amizades e o acesso à
sociedade. No caso de meninas, as colocou diretamente nos problemas de casa,
inclusive vivenciando situações de violência doméstica.
Uma pesquisa do Instituto Plano de Menina identificou um problema de conscientização dessas jovens: 84% não sabem explicar ou identificar o que pode ser considerado violência doméstica. Estresse, desânimo, medo: a pesquisa ainda relata que 84% tiveram crises de ansiedade, 79% um aumento de estresse e também 79% uma sensação constante de medo. Os sentimentos irritação (63%) e tristeza (68%) também foram comuns desde que a pandemia começou.
Outra preocupação eminente são os efeitos da “desigualdade digital”, já que trabalhar e estudar em casa exacerbou a enorme divisão entre quem tem e quem não tem no mundo digital. Esses riscos vieram junto com temores de “erosão da coesão social geral”, que o WEF advertiu que poderia ameaçar instituições frágeis ou mesmo desestabilizar sistemas políticos e econômicos completamente. Para os jovens isso é uma segregação fatal.
Ouso ir mais além: e se estendermos esse impacto para outras
minorias jovens? É fato que jovens LGBTQ enfrentam dificuldades específicas que
ameaçam suas vidas, saúde mental e desenvolvimento social. O isolamento social
pode ser especialmente desafiador para eles. Estou falando sobre rejeição da
família, perder redes de apoio, além da natureza da quarentena tornar esses
problemas invisíveis para o público.
Quando falamos em jovens que não vão realizar o seu
potencial, estamos colocando não só o futuro deles como também o nosso em jogo.
Os jovens são o futuro!
Todos nós temos sonhos, crenças e até mesmo paixões que nos
movem, que nos fazem acreditar e muitas vezes, ir além. O cenário atual me desperta
para um momento em que nós todos somos desencorajados por dificuldades, falta
de oportunidades, desigualdades, vulnerabilidades e necessidades mais imediatas.
Para muitos, os planos de 2020 foram totalmente cancelados e 2021 é totalmente
incerto.
Eu trago aqui o papel crítico das empresas nesta transição e sua responsabilidade de gerar as oportunidades urgentemente necessárias para os jovens em direção a um futuro mais sustentável e inclusivo.
E convido você a refletir: o que podemos fazer hoje para
garantir a esperança e possibilidades para que esses jovens continuem a sonhar
e realizar?
Contem comigo com soluções para virar este jogo.
*Co-fundadora do Fin4she, atualmente é responsável por liderar e implementar os projetos para promover o protagonismo das mulheres no mercado e a independência financeira feminina. É a idealizadora do Women in Finance Summit Brazil, com mais de 800 mulheres do mercado inscritas. Foi executiva da Franklin Templeton por 10 anos e trabalha no mercado financeiro desde 2006. É mãe do Tom e do Martin e através do Fin4she tem a missão de promover uma transformação na carreira e vida das mulheres, para que iniciativas como essa não precisem existir mais no futuro. |
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