Povos indígenas do Brasil e da Colômbia processaram o grupo varejista francês Casino, controlador do GPA, em um tribunal da França nesta quarta-feira (3), acusando o grupo de vender carne bovina ligada à grilagem de terras e desmatamento na Amazônia, disseram os ativistas envolvidos no processo.
É a primeira vez que uma rede de supermercados francesa é levada a tribunal por desmatamento e perda de terras e meios de subsistência sob uma lei de 2017 da França que exige que as empresas do país evitem violações de direitos humanos e ambientais em suas cadeias de abastecimento. O Casino não quis comentar o processo. O Brasil é o segundo maior mercado do Casino depois da França. As operações na América do Sul representaram 46% da receita do grupo Casino em 2020.
O processo alega que o Casino comprou carne bovina de três abatedouros de propriedade de uma grande processadora de carne brasileira com frequência. Estes abatedouros obtiveram gado de quase 600 fornecedores responsáveis por ao menos 50 mil hectares – área cinco vezes maior do que Paris – de desmatamento entre 2008 e 2020, de acordo com o processo.
A Amazônia desempenha um papel vital para regular o clima da Terra absorvendo dióxido de carbono, um dos principais gases de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global.
Uma área da floresta tropical amazônica do tamanho de Israel foi derrubada no ano passado, dizem grupos de ativistas. A criação de gado é uma grande catalisadora da perda de habitat, já que o crescimento populacional e a expansão das classes médias de nações em desenvolvimento impulsionam o consumo de carne e laticínios.
Na Colômbia, a criação de gado e a mineração estão ameaçando o futuro de comunidades indígenas, disse Fany Kuiru Castro, da etnia ultoto.
Empresas estão sendo cada vez mais pressionadas por legislações nacionais e ativistas a proteger a Amazônia.
Em fevereiro, o banco francês BNP Paribas prometeu só financiar empresas produtoras de carne bovina ou soja na América Latina que adotarem uma estratégia de desmatamento zero até 2025.
Em janeiro, o BNP Paribas, o Credit Suisse CSGN.S e o credor holandês ING anunciaram que devem interromper o financiamento do comércio de petróleo cru do Equador. Líderes indígenas disseram que o dinheiro dos bancos os torna cúmplices da destruição da floresta tropical por parte do setor petroleiro equatoriano.
Entre os demandantes do processo estão grupos de ativistas franceses e norte-americanos.