A entrada de investimentos diretos no país foi de US$ 9 bilhões em fevereiro, maior fluxo para o mês desde 2011, impulsionada por operações feitas entre matrizes e subsidiárias de multinacionais que operam no país, mostraram dados das contas externas divulgados pelo Banco Central nesta quinta-feira (26).
No ano, os investimentos diretos (IDP) já são mais do que o dobro do registrado no ano passado e o dado parcial de março aponta outra entrada expressiva de US$ 5,8 bilhões até o dia 23. Mas o BC diz que ainda é cedo para falar em mudança de tendência para esses fluxos, que no ano passado despencaram como resultado da crise global da pandemia.
“É cedo para dizer que é uma inflexão de curva, precisamos esperar para ver se tem uma nova perspectiva de resultados maiores para os próximos meses”, disse o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.
Em fevereiro do ano passado, o país recebeu US$ 2,580 bilhões em IDP e o país fechou o ano com um fluxo de US$ 34,2 bilhões, menos da metade do apurado em 2019.
A entrada de investimentos no mês passado foi concentrada nas operações intercompanhias (US$ 5,9 bilhões), que retratam os empréstimos feitos entre empresas localizadas no país e no exterior de uma mesma multinacional. A entrada de investimentos na modalidade intercompanhia somou US$ 3 bilhões.
A expectativa no mercado era de um IDP de US$ 6,1 bilhões em fevereiro, segundo pesquisa da Reuters.
Se os investimentos na atividade produtiva mostram sinal de retomada, as aplicações de estrangeiros em carteira, por outro lado, ficaram negativas no dado parcial de março, em US$ 1,944 bilhão. Se esse déficit na entrada de recursos para ações, fundos de investimento e títulos de dívida se mantiver até o final do mês, interromperá nove meses seguidos de fluxo positivo.
Em fevereiro, os investimentos em carteira, que são mais voláteis que o IDP, somaram 3,586 bilhões de dólares, levando o saldo acumulado em 12 meses a ficar positivo pela primeira vez desde julho de 2018.
Transações correntes
O Brasil registrou um déficit em transações correntes de US$ 2,326 bilhões em fevereiro, metade do rombo verificado no mesmo período do ano passado (US$ 4,662 bilhões), quando a economia doméstica ainda não estava sofrendo o impacto da pandemia da covid-19, que derrubou a compra de bens e serviços estrangeiros.
Em 12 meses, o déficit passou a 0,48% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 0,64% do PIB em janeiro.
A expectativa em pesquisa da Reuters com analistas era de um déficit de US$ 2,4 bilhões.
Para março, o BC projetou um déficit em transações correntes de US$ 1,3 bilhão e IDP de US$ 7,0 bilhões. Até o dia 23 deste mês, o fluxo cambial ficou positivo em US$ 1,213 bilhão, disse ainda o BC.