Inspirado pelas tradicionais retrospectivas do final do ano, em especial no ano atípico de 2020, quando a pandemia parou o mundo, vamos começar um novo ano que “nunca será como antes”, mas cheio de esperanças, com as vacinas que chegam para imobilizar a perversa Covid-19. Assim, recomendo a leitura do Livro “O Jogo Infinito”, de Simon Sinek.
É uma leitura para dar um “reset” na nossa visão de como viver a vida e encontrar um belo propósito para os negócios. Confesso que esse livro mexeu e muito com a minha cabeça.
Simon Sinek é autor de best-sellers como “Comece pelo porquê” e “Encontre seu porquê”, além de ser o criador do Círculo Dourado, modelo de gestão para líderes e organizações encontrarem o propósito de seus negócios.
Lições da leitura
Existem dois tipos de jogos: aqueles finitos, que têm início e fim disputados por jogadores conhecidos. Eles têm regras fixas e um objetivo em comum acordo que, ao ser alcançado, encerra o jogo. O futebol é um exemplo. Todos os jogadores usam uniformes e são facilmente identificados.
Há um conjunto de regras e lá estão os juízes para fazer com que tais regras sejam respeitadas. Assim como todos concordam que a equipe que marcar mais gols no fim do período regulamentar será declarada a vencedora. Em jogos finitos, há sempre início, meio e fim.
Já os infinitos têm jogadores conhecidos e desconhecidos. Não existem regras precisas ou acordadas. Embora possa haver convenções ou leis que regulam como os jogadores vão se comportar, mas eles agem como querem. E, se decidirem romper com as convenções, não há problema. Cabe totalmente a cada jogador decidir como vai jogar. Além disso, a maneira como o jogo é desenvolvido pode mudar a qualquer momento, por qualquer motivo.
Vidas são finitas
Em síntese, afirma Sinek ,”nossas vidas são finitas, mas a vida é infinita. Somos jogadores do jogo infinito da vida. Chegamos e partimos, nascemos e morremos, e a vida continua com ou sem nós. Há outros jogadores, alguns deles são nossos rivais, obtemos vitórias e sofremos derrotas, mas podemos sempre continuar jogando amanhã (até ficarmos sem capacidade para continuar no jogo).
E não importa quanto dinheiro ganhamos, não importa quanto poder acumulamos, não importa quantas promoções nos são dadas, nenhum de nós jamais será declarado vencedor do jogo da vida.
Mas qual jogo queremos jogar ?
Como alerta o autor, mesmo que não cheguemos a escolher as regras, podemos optar se queremos jogar e como queremos jogar. No jogo da vida é um pouco diferente. Só temos uma escolha. Uma vez tendo nascido, somos jogadores. A única alternativa será se queremos jogar com mentalidade finita ou mentalidade infinita. Se optamos por viver nossa vida com mentalidade finita, isso significa que fizemos com que nosso propósito primordial seja o de ficar mais ricos ou sermos promovidos mais rapidamente do que os outros.
O que é viver com a mentalidade infinita
“Viver nossa vida com mentalidade infinita” sinaliza que somos movidos a fazer avançar uma causa maior que nós mesmos. Consideramos aqueles que compartilham essa visão conosco parceiros na causa e trabalhamos para construir relacionamentos de confiança com eles de modo que possamos avançar juntos para o bem comum. Somos gratos pelo sucesso.
Viver a vida com mentalidade infinita é saber doar-se. Lembre-se: na vida, somos jogadores em vários jogos infinitos. Nossas carreiras representam apenas um deles.
E nos negócios, como jogar o jogo infinito?
Essa pergunta me faz lembrar o professor Jim Collins, da Escola de Negócios da Universidade de Standard. No seu livro “Empresas Feitas para Durar”, Collins explica que as empresas com vida longa tem uma visão futura de um jogo que nunca termina.
Para ele, o jogo dos negócios de sucesso se enquadra na definição de um jogo infinito. Não conhecemos todos os jogadores, e os novos podem entrar no jogo a qualquer momento. Todos estabelecem as próprias estratégias e táticas, e não há um conjunto de regras fixas com as quais todos concordam, a não ser a lei (e mesmo assim pode variar de acordo com o país).
Diferentemente de um jogo finito, não há um momento predeterminado para o início, o meio ou o fim dos negócios. Embora muitos concordem com certas margens de tempo para avaliar o desempenho em relação ao de outros jogadores. No jogo dos negócios não tem linha de chegada. Apesar de estarem em uma disputa que não tem vencedores, é grande o número de líderes que continuam jogando como se fossem capazes de vencer.
E o que é um negócio no Jogo Infinito?
Aí mais uma vez trago o que pensa Simon Sinek: “enquanto o jogador de mentalidade finita faz produtos que considera vendáveis, o de mentalidade infinita cria produtos que as pessoas queiram comprar. O primeiro está pensando em como a venda desses produtos vai beneficiar a empresa, enquanto o segundo está pensando em como os produtos vão beneficiar seus clientes.
Criar um empresa é diferente de criar um negócio
Empreender vai mais além do que criar um negócio. Significa fazer acontecer todos os dias no jogo infinito. “Uma companhia de mentalidade finita pode descobrir maneiras inovadoras” de aumentar a lucratividade, mas tais decisões não costumam beneficiar a empresa, os funcionários, os clientes e a comunidade. Nem as deixam numa situação melhor para o futuro. O motivo é simples: essas decisões tendem a ser tomadas para o benefício das pessoas que as tomam, e não com o futuro infinito em mente. Apenas o futuro imediato.
Já os líderes de mentalidade infinita não pedem a seus colaboradores que estabeleçam objetivos finitos. Eles querem que os ajudem a imaginar um modo de avançar em direção a uma visão infinita do futuro que beneficie todos.
Um Feliz Novo Ano do Renascimento do Século XXI. Vamos nessa!
*Aloisio Sotero é professor de Finanças para Economia Digital, cofundador, diretor Lifelong Learning e professor da BAEX, Escola Internacional de Educação Executiva. linktr.ee/aloisiosotero |