O Produto Interno Bruto (PIB) real dos Estados Unidos aumentou a uma taxa anual de 2,9% no quarto trimestre de 2022, acima do esperado pelo mercado – no entanto, desacelerou, após aumentar 3,2% no terceiro trimestre, segundo informou o Bureau of Economic Analysis.
O aumento no quarto trimestre refletiu principalmente aumentos no investimento em estoque e nos gastos do consumidor que foram parcialmente compensados por uma diminuição no investimento em habitação, disse a instituição.
O que puxou o PIB dos EUA
Segundo a agência, a desaceleração no quarto trimestre refletiu principalmente uma desaceleração nas exportações e no investimento empresarial, nos gastos dos governos estaduais e locais e nos gastos do consumidor.
“Esses movimentos foram parcialmente compensados por um aumento no investimento em estoques, uma aceleração nos gastos do governo federal e uma menor queda no investimento em habitação. As importações diminuíram menos no quarto trimestre do que no terceiro trimestre”, apontou a agência.
Mercado de trabalho e consumo seguram resultado
Para Carlos Vaz, CEO da Conti Capital – gestora de investimentos nos EUA – o PIB anunciado hoje condiz com a leitura de um cenário que considera o mercado de trabalho ainda forte e os gastos dos consumidores mantendo a economia dos EUA, apesar do aumento das taxas de juros.
“Com isso, eu enxergo que há uma possibilidade de que os EUA conquistem o famigerado pouso econômico suave. No entanto, pondero que quando as taxas de juros sobem, podem causar uma recessão econômica. Já é sabido que o Fed ainda vai seguir com novos aumentos, apesar de mais brandos. E, nesse caso, poderemos ver os EUA entrarem em uma recessão técnica já no segundo trimestre de 2023”.
Carlos Vaz, CEO da Conti Capital
Vaz reitera que se uma recessão técnica vier a acontecer, não acredita que será algo duradouro ou severo, “visto que cada lugar e setor vai sentir os efeitos disso de uma maneira, a depender da solidez ou resistência que adquiriu até aqui”.
Alguns economistas e agentes de mercado estão otimistas, porém cautelosos, de que a economia evitará uma recessão e, ao invés disso, sofrerá uma retração contínua, em que os setores revezam os momentos de declínio, em vez de contraírem todos ao mesmo tempo.
Tasso Lago, fundador da Financial Move e gestor de fundos privados, aponta que com os dados positivos do PIB, refuta a recessão aguardada para este ano.
“O PIB veio crescendo mesmo com aumento de juros e inflação crescente. E quando há aumento de juros, espera-se que a economia dê uma esfriada, e não foi isso que aconteceu. E isso coloca em cheque a recessão antes aguardada, mudando o discurso para uma possível “leve recessão”. Logo, é possível que os números sejam revistos para 2023″.
Tasso Lago, fundador da Financial Move
O seguro desemprego, que veio abaixo do esperado pelo mercado, aponta para um mercado de trabalho resiliente e crescimento econômico positivo, o que segundo Lago, dá ânimo para os mercados em termos de fundamentos ajudando a aliviar os temores de uma recessão profunda.
Segundo o estrategista chefe da Avenue nos EUA, William Castro Alves, a expectativa era que os pedidos de seguro desemprego atingissem 205 mil no quarto trimestre de 2022. Mas o número veio bem abaixo: 186 mil pedidos.
“São números que corroboram a ideia de um mercado de trabalho e uma economia forte, ainda que o crescimento tenha demonstrado desaceleração frente ao crescimento de 3,2% do terceiro tri de 2022.”
William Castro Alves, estrategista chefe da avenue nos eua
Ainda segundo o estrategista, não foram vistas grande mudanças nas curvas de juros e o mercado segue apostando “em 2 aumentos de 25 pontos percentuais nas próximas duas reuniões do FED em fevereiro e março”.
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