As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a quinta-feira (13) em baixa, dando continuidade ao movimento mais recente de fechamento da curva a termo, com investidores reagindo aos dados da economia norte-americana e mantendo o apetite por ativos brasileiros.
O dia foi de agenda esvaziada no Brasil, sem a divulgação de indicadores e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em viagem à China.
Com isso, os investidores se voltaram para os EUA, onde o Departamento do Trabalho informou que o índice de preços ao produtor para demanda final caiu 0,5% no mês passado. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice ficaria inalterado no mês.
Já o número de norte-americanos que entraram com pedidos de auxílio-desemprego aumentou. Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 11.000, para 239.000 em dado com ajuste sazonal, na semana encerrada em 8 de abril. Economistas consultados pela Reuters previam 232.000 pedidos para a última semana.
“Os dados nos EUA vieram fracos. A inflação ao produtor veio abaixo do esperado e os novos pedidos de seguro desemprego vieram acima, indicando um enfraquecimento maior do mercado de trabalho norte-americano”.
estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno
Após os dados, os rendimentos dos Treasuries de 2 anos viraram a passaram a cair, em meio à avaliação de que o Federal Reserve (Fed) está próximo de encerrar o atual ciclo de alta de juros.
No Brasil, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) acompanharam. Além dos dados dos EUA, os números da China influenciaram os negócios. O país asiático reportou alta de 14,8% das exportações em março ante o ano anterior, sendo que economistas previam queda de 7%. Já as importações pela China caíram apenas 1,4%, ante previsão de baixa de 5,0%.
Os dados ajudaram a sustentar a busca global por ativos de maior risco.
“Isso ajuda um pouco no fechamento da curva. O real também está ganhando um pouco ante o dólar, o que sugere que há apetite do investidor estrangeiro por ativos brasileiros”, afirmou Rostagno.
Números do fechamento
No fim da tarde, a taxa do DI para outubro de 2023 estava em 13,455%, ante 13,44% do ajuste anterior. Já a taxa para janeiro de 2024 estava em 13,165%, ante 13,135% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,78%, ante 11,796%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,645%, ante 11,742% do ajuste anterior e a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,8%, ante 11,925.
Expectativas para a Selic
Perto do fechamento, a curva a termo precificava 12% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto percentual no encontro de política monetária de maio e 88% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.
Embora a expectativa majoritária seja de manutenção da Selic em maio, têm crescido as apostas na curva de que o BC pode surpreender e realizar um corte. Na última segunda-feira, por exemplo, a probabilidade de um corte embutida na curva era de apenas 6%.
Treasury nos EUA
Nos EUA, após chegarem a ceder mais cedo, os rendimentos dos Treasuries subiam neste fim de tarde.
Às 16:40 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dois anos – que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo – subia 0,50 ponto-base, a 3,9767%.
O rendimento do Treasury de dez anos – referência global para decisões de investimento – subia 3,30 pontos-base, a 3,4543%.
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