O fornecimento de energia elétrica no Brasil foi totalmente restabelecido na tarde desta terça-feira (15), após uma interrupção de grande magnitude registrada pela manhã que retirou cerca de 25% da carga total do sistema elétrico nacional, afetando todos os Estados do país com exceção de Roraima.

Um desequilíbrio na rede elétrica, cujas causas ainda estão sendo investigadas, prejudicou o suprimento de energia em quase todo o país, com cerca de 19 mil MW interrompidos — equivalente a um quarto dos 73 mil MW de carga registrada no momento da ocorrência.

O único Estado que não foi afetado pelo evento foi Roraima, que não recebe energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN), que conecta todo o resto do país, e acaba dependendo de geração de energia local a partir de usinas termelétricas.

Linha de transmissão de energia 20/03/2023 REUTERS/Wolfgang Rattay

Os trabalhos para recompor as cargas começaram ainda de manhã, com normalização da situação nas regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste antes das 10h. Já nas regiões Norte e Nordeste, as ações foram concluídas à tarde, com as cargas 100% recompostas no SIN às 14h49.

O apagão afetou o serviço de distribuidoras de energia de todo o país, operadas por grandes grupos do setor elétrico, como Equatorial, Enel, Neoenergia, CPFL e Energisa.

A equipe do Ministério de Energia e Energia está trabalhando para que a carga seja plenamente restaurada o mais breve possível, disse a pasta em nota divulgada mais cedo.

O ministro Alexandre Silveira determinou a criação de uma sala de situação e acompanha o processo de retomada, bem como determinou a apuração das causas do incidente.

Impacto no mercado

Nesta terça, as ações de várias empresas de energia operaram em queda, acompanhando a tendência negativa do Ibovespa, principal indicador da bolsa.

Mas Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, “se houver um apagão elétrico, igual ao que já ocorreu no passado, diversas empresas listadas em bolsa podem ser impactadas” – e não somente as do setor de energia. Ele cita:

“Cabe ressaltar que muitas empresas têm planos de contingência, como geradores. Mas em caso de um apagão mais prolongado, seria difícil a manutenção do nível de atividade”, diz Petrokas.

Causas do apagão: o que se sabe até agora

Com o incidente, foram 16 mil megawatts (MW) de carga interrompida, informou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Segundo o órgão, a interrupção ocorreu devido à abertura da interligação Norte/Sudeste do Sistema Interligado Nacional (SIN), e as causas ainda estavam sendo apuradas.

O que dizem as empresas

Distribuidoras de energia comentaram que registraram a ocorrência. A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) disse em nota que “as distribuidoras impactadas em suas respectivas áreas de concessão seguem atuando em regime de contingência, e o fornecimento já foi normalizado na maior parte das localidades afetadas”.

As reconstituições do sistema têm sido aplicadas de forma segura pelas empresas, sob orientações do ONS”, disse ainda a associação.

A Equatorial Energia (EQTL3) afirmou que, segundo informações preliminares, houve atuação do “Esquema Regional de Alívio de Carga”, um mecanismo de proteção da rede para tentar restringir a perda de carga no sistema.

“Em todos os estados em que há concessão do Grupo (Alagoas, Amapá, Maranhão, Goiás, Pará, Piauí e Rio Grande do Sul), a normalização já foi iniciada”, disse a Equatorial, mais cedo.

A CPFL (CPFL3) informou que registrou desligamento no Sistema Interligado Nacional (SIN), ocasionando interrupção para parte dos clientes das quatro distribuidoras, CPFL Paulista, Piratininga, Santa Cruz e RGE. “A CPFL esclarece que todos os clientes foram restabelecidos e aguarda mais informações do ONS referente a causa”, afirmou.

Já a Enel (E1NI34) também verificou o problema, que afetou parte da sua carga nos estados do Rio de Janeiro, Ceará e São Paulo, e disse que a ocorrência está ligada à atuação do Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC).

“A energia está sendo restabelecida gradativamente após autorização do Operador Nacional do Sistema”, afirmou a Enel. “Esse procedimento acontece de forma automática quando alguma ocorrência é identificada no Sistema Interligado Nacional. O procedimento ocorre para proteger o sistema elétrico de danos maiores”, explicou.

(* com informações da Reuters e Estadão Conteúdo)