Por Francesco Canepa e Frank Siebelt
FRANKFURT (Reuters) – O Banco Central Europeu continuará a colocar um “piso” nas taxas de juros do mercado nos próximos anos, mas os bancos desempenharão um papel maior na decisão sobre quanta liquidez desejam, disseram quatro fontes à Reuters.
O BCE está revendo a forma como orienta as taxas de juros de curto prazo em uma nova era em que a inflação está mais alta e a quantidade maciça de dinheiro injetada no sistema bancário por meio de programas de estímulo ao longo da última década não é mais necessária, e até mesmo cria alguns efeitos colaterais indesejados.
Durante a maior parte dos últimos 10 anos, o mecanismo era simples: o BCE mantinha os juros em zero ou mais baixos e inundava os bancos com mais dinheiro do que eles precisavam por meio de compras de títulos e empréstimos, para incentivá-los a emprestar e reavivar a inflação que estava muito baixa.
Isso eliminou a necessidade de os bancos tomarem empréstimos do BCE e fixou a taxa overnight que os bancos cobram uns dos outros à taxa que o BCE paga pelos depósitos.
Essa estrutura precisa ser mudada agora que as taxas de juros estão muito acima de zero e reservas em excesso grandes são desnecessárias – e estão até mesmo causando enormes prejuízos ao BCE e a alguns dos 20 bancos centrais da zona do euro.
As autoridades de política monetária reunidas em Frankfurt na semana passada concordaram que o BCE manterá um sistema de “piso”, em que o banco central efetivamente define a taxa mais baixa pela qual os bancos emprestaram uns aos outros, disseram as fontes sob condição de anonimato porque as deliberações são confidenciais.
Porém, há uma reviravolta importante: o BCE não decidirá sozinho quanta liquidez fornecerá ao sistema bancário quando terminar de drenar o excesso de reservas daqui a alguns anos, acrescentaram as fontes.
Em vez disso, as autoridades concordaram que os bancos comerciais ajudarão a determinar isso tomando emprestadas as reservas de que precisam do BCE, de forma semelhante ao que o Banco da Inglaterra está fazendo.
Para facilitar isso, o BCE tornará mais barato para os bancos tomarem empréstimos, reduzindo a taxa de seus leilões semanais de dinheiro, atualmente em 4,5%, e aproximando-a de sua taxa de depósito de 4,0%, disseram as fontes.
As autoridades esperam anunciar essa nova estrutura no próximo mês, acrescentaram as fontes. Um porta-voz do BCE não quis comentar.
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