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Impostos, tarifas e dívidas: investidores temem o impacto de uma vitória republicana ou democrata

Agentes do mercado estão avaliando o que a nova disputa Biden-Trump pode significar para os portfólios

Por Gunjan Banerji The wall street Journal
Publicado em
5 min
traduzido do inglês por investnews

O consultor financeiro Matthew Wilson recebeu recentemente um e-mail frenético: um cliente queria se desfazer de suas ações o mais rápido possível. 

O motivo? Os papéis haviam protagonizado uma grande alta nos últimos meses, e esse cliente se preocupava com o fato de que o mercado estava prestes a ficar agitado com a aproximação da eleição presidencial em novembro. Durante uma reunião presencial, Wilson disse que conseguiu convencê-lo a permanecer no mercado.

“Vote como um eleitor, não como um trader”, instruiu Wilson, diretor administrativo do Roseville Wealth Management Group. 

Em todo o país, os investidores estão ficando nervosos com a próxima eleição entre o presidente Biden e o ex-presidente Donald Trump. 

Há uma enxurrada de perguntas chegando a assessores financeiros sobre o que a disputa significará para suas carteiras. Em Wall Street, estrategistas vêm tentando esboçar as implicações de uma vitória democrata ou republicana sobre as ações, as taxas de juros e o preço do petróleo. 

As eleições presidenciais e legislativas dos EUA no final deste ano “devem ser as que terão as maiores consequências em uma geração”, escreveu uma equipe do BNP Paribas liderada por seu economista-chefe para os EUA, Carl Riccadonna. 

Aumentando a tensão, há as decisões dramaticamente diferentes que Biden ou Trump poderiam tomar em tudo, desde imigração até a liderança do Federal Reserve — e até mesmo o modo em que o banco central é administrado. O próximo presidente também conduziria os EUA em um momento de grandes tensões globais, com a escalada dos conflitos no Oriente Médio e a continuação da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Um ponto de foco para os investidores: os cortes de impostos do governo Trump, que caducarão após 2025. 

WSJ

Os gastos do governo e a consequente abundância de emissões do Tesouro estão deixando os investidores ansiosos. A equipe do BNP disse que uma vitória republicana esmagadora na Casa Branca e no Congresso provavelmente levaria a uma extensão dos cortes de impostos para indivíduos e a um déficit mais amplo. É claro que as implicações para o déficit seriam moldadas pela mistura de gastos e cortes com os quais os legisladores concordem. Biden, por exemplo, garantiu que estenderia alguns cortes de impostos da era Trump. 

O rendimento do título do Tesouro de dez anos recentemente girou em torno de 4,612%, uma alta acentuada no ano, em parte por causa da onda de emissão de títulos e da inflação mais forte do que o esperado. 

Mesmo depois de um período difícil para os mercados em abril, os traders parecem mais ansiosos com a eleição deste ano do que com as próximas semanas. 

No mercado de derivativos, os traders têm pago mais para se protegerem de uma queda do mercado de ações por volta de novembro, um sinal de maior apreensão em relação à eleição, mostram dados da FactSet ligados ao índice de volatilidade Cboe.

Em um relatório de 62 páginas este ano, estrategistas e economistas do BNP Paribas expuseram vários cenários de como a eleição moldaria o poder na Casa Branca e no Congresso, além de como os líderes poderiam influenciar tudo, desde a política fiscal até a energia limpa e as tarifas sobre a China e o México.  

Durante a presidência de Trump, por exemplo, o dólar americano oscilou descontroladamente em relação ao peso mexicano com base nos tuítes do presidente falando de tarifas sobre o país. 

Ainda assim, os investidores podem estar se enganando se acham que conseguem prever o caminho de qualquer ativo em torno da eleição. 

Em 2016, alguns investidores temiam que uma vitória de Trump abalasse os mercados. E isso aconteceu — momentaneamente. As ações despencaram de repente, conforme os resultados eleitorais iam chegando, antes de uma reviravolta no dia seguinte e o início de uma das maiores corridas por ações pós-eleição presidencial. O mercado pareceu amar os cortes de impostos de Trump e a promessa de desregulamentação.

Em 2020, alguns investidores temiam que um resultado eleitoral complicado pudesse alimentar o caos do mercado de ações por meses. O S&P 500 acabou subindo cerca de 11% desde o dia da eleição, em novembro, até o final do ano. 

A volatilidade das ações não é incomum em torno de uma eleição. Mas quando a incerteza passa, as ações normalmente sobem, de acordo com dados da BlackRock Fundamental Equities. Também não há muita diferença entre o desempenho médio das ações nos anos em que ocorre uma eleição e naqueles sem uma disputa. 

David Sadkin, sócio da Bel Air Investment Advisors, contou que tem sido questionado sobre a eleição em quase todas as reuniões que faz com seus clientes ricos. Ele disse que ambos os partidos se mostraram propensos a gastar muito, levando ao aumento do déficit dos EUA. 

As emissões do Tesouro aumentaram, tanto no mandato de Trump quanto no de Biden. Essa é uma das razões pelas quais ele adverte os investidores contra fazer uma grande aposta com base no resultado das urnas. 

“É impossível prever o impacto”, afirmou Sadkin. 

Escreva para Gunjan Banerji at [email protected]

traduzido do inglês por investnews