A Petrobras (PETR4) informou nesta quarta-feira (22) que o tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a renegociação dos Termos de Compromisso de Cessação (TCC) assinados com o órgão, em medida que desobriga a estatal a prosseguir com a venda de refinarias e da participação na transportadora de gás TBG.
A companhia havia apresentado na semana passada ao Cade proposta de revisão dos compromissos assumidos em 2019, no governo Jair Bolsonaro, quando se determinou que a estatal teria que realizar desinvestimentos para estimular mais concorrência nos mercados de gás e refino.
A decisão do tribunal favorável à Petrobras veio alinhada à avaliação da superintendência-geral do órgão, segundo a qual as medidas propostas pela estatal para substituir os compromissos originais eram compatíveis com novas realidades dos mercados desde então.
A venda de refinarias havia sido suspensa no ano passado, quando o Ministério de Minas e Energia determinou uma interrupção da alienação de ativos pela estatal diante das novas diretrizes de política energética pelo governo federal.
LEIA MAIS: Petrobras: uma aula de como perder a confiança do mercado
De refinarias que se propôs anteriormente a vender, a Petrobras conseguiu se desfazer da Rlam, Reman e SIX, mas não teve sucesso em negociações para alienar Rnest, Repar, Regap, Refap e Lubnor.
O conselheiro do Cade Gustavo Augusto apontou nesta quarta-feira que o setor de refino no Brasil conseguiu atrair novos agentes independentes desde 2019, e não apenas em função dos desinvestimentos realizados anteriormente pela Petrobras.
“Temos atores entrando, e temos vários atores interessados em entrar… Mas ninguém entra em refino se não tem óleo para comprar.”
Nesse contexto, o conselheiro destacou a importância dos novos mecanismos pactuados com a Petrobras, que permitirão ao Cade monitorar a atuação comercial da estatal no mercado de derivados e de petróleo e verificar práticas de preços não discriminatórias.
A Petrobras propôs divulgar suas diretrizes gerais comerciais para entregas de petróleo por via marítima não discriminatórias e a oferta de “contratos frame” a qualquer refinaria independente em território brasileiro.
LEIA MAIS: O pedido de Lula para a nova CEO da Petrobras: ‘acelere os investimentos’
A companhia também se dispôs a apresentar relatórios sobre sua nova estratégia comercial para a oferta de derivados, como gasolina e diesel, após o abandono do Preço de Paridade de Importação (PPI).
“Com isso, com esse contexto, me parece que estamos sim preservando o objetivo original, que é o objetivo de se permitir que o mercado seja competitivo suficiente para estar pronto para receber novos atores, e que talvez já tenhamos avançado suficientemente em desinvestimento de ativos”, afirmou Augusto.
Já para o gás, a Petrobras apontou que a venda da transportadora TBG, que opera o gasoduto Bolívia-Brasil, não é condição necessária para alcançar os objetivos do TCC e também afetaria negativamente sua nova estratégia e modelo de negócios.
Entre as medidas, propôs salvaguardas adicionais para eleição de conselheiros independentes, com nomeação intermediada por head hunter independente, e a proibição de cessão de funcionários da Petrobras para a diretoria comercial da TBG.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)
Veja também
- CBA vende participação na Alunorte para a Glencore por R$ 236,8 milhões
- BRF compra fábrica e passa a ser a primeira empresa de proteínas a produzir na China
- Argentina anuncia licitação para privatizar hidrovia Paraguai-Paraná
- Petrobras confirma plano de investir mais de R$ 635 bilhões entre 2025 e 2029
- Enel prepara plano de investimentos para buscar renovação de suas concessões no Brasil