A Light começou a testar uma rede elétrica blindada na sua área de concessão no Rio de Janeiro para tentar conter as perdas de energia provocadas em sua grande maioria por furtos, disseram à Reuters executivos da companhia.
Eles acrescentaram que os investimentos no projeto podem chegar a R$ 2,5 bilhões em cinco anos, caso a concessão da distribuidora seja renovada.
A iniciativa, que envolve caixas blindadas de medidores instalados nos postes, começou na Baixada Fluminense e já alcança sete regiões com elevadas perdas não técnicas de energia, causadas principalmente por furtos, conhecidos popularmente por “gatos”.
A Light também tem processos de blindagem de cabos, além de transformadores blindados.
A empresa calcula que os níveis de perda de energia em toda a sua área da concessão estão em patamar recorde, de cerca de 40%.
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O modelo de blindagem está sendo instalado em zonas chamadas de intermediárias, que estão próximas às dominadas pelo crime mas onde as equipes técnicas da empresa ainda conseguem atuar para realizar reparos e cortes.
“Na área já tomada, não tem muito o que fazer… ou está tomada pelo tráfico, que não deixa a empresa fazer nada, ou está tomada pela milícia, que explora o fornecimento de energia. Estamos atuando nas áreas intermediárias, na alimentação de energia com a blindagem e evitando o ‘gateiro’… Criamos uma trincheira”, disse à Reuters Vinicius Roriz, vice-presidente da Light.
A blindagem impedirá o furto direto da rede elétrica. Em algumas das áreas onde a rede foi blindada, os “gatos” baixaram de 90% para perto de 5%, disse a Light.
“Se alguém fizer um gato nesse sistema, merece não pagar a conta, porque é muito eficiente”, brincou o CFO da companhia elétrica, Rodrigo Tostes.
O aumento das perdas de energia na distribuidora da Light ao longo dos anos está associado não só à expansão territorial do crime organizado, mas também à redução do mercado consumidor, devido a um ritmo mais fraco da economia do Estado do Rio de Janeiro. As mudanças climáticas, que trouxeram temperaturas mais elevadas, também contribuem para a elevação nos “gatos”, afirma a empresa.
Técnicos e representantes da Light têm viajado o mundo e visitaram países como Índia e Colômbia em busca de novas experiências e soluções de combate aos furtos de energia.
Renovação de concessão
O presidente da Light, Alexandre Nogueira, afirmou que, se a empresa conseguir renovar a concessão de sua distribuidora fluminense, poderá investir mais R$ 2,5 bilhões na blindagem da rede. Até agora, foram investidos cerca de R$ 25 milhões no projeto.
A Light pediu ao governo federal a renovação antecipada da concessão da distribuidora, que vence em 2026, e aguarda uma posição do poder concedente.
Na visão dos executivos da companhia, a aprovação do plano de recuperação judicial do grupo Light, visando reestruturar cerca de R$ 11 bilhões em dívidas, foi um passo importante para obter a renovação da distribuidora por mais 30 anos.
Nogueira defende que o novo contrato da concessionária tenha bases sustentáveis, que considerem especialmente o elevado patamar de perdas provocadas por furtos de energia em áreas controladas pelo tráfico ou pela milícia.
“Esse é um problema do acionista? Do concessionário? Não; é do ambiente da concessão”, adicionou.
“Esse é um problema social e discutimos com a (agência reguladora) Aneel sobre as áreas de risco. Áreas intermediárias vamos blindar e na área normal somos já bastante bons, mas na área conflagrada vamos ter que endereçar com algum grau de subsídio, de gratuidade…”, destacou o diretor da companhia.
A Light atende 31 municípios do Rio de Janeiro, com uma base de 4,5 milhões de clientes cadastrados.
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