O governo da Alemanha continua dividido sobre como ajudar a estabilizar as montadoras do país, que enfrentam dificuldades. Nesta segunda-feira, estão previstos encontros com executivos do setor automotivo e representantes sindicais, organizados pelo ministro da Economia, Robert Habeck.
O chanceler Olaf Scholz propôs reintroduzir um bônus no valor de € 6.000 (US$ 6.666) para incentivar motoristas a trocar seus carros a combustão por veículos elétricos. Há, no entanto, entraves políticos para o governo aprovar o incentivo.
O ministro das Finanças, Christian Lindner, porém, deu sinais de que dificilmente apoiará uma proposta do partido SPD, de Scholz. “Não quero focar nas propostas de outros partidos no momento”, disse Lindner, que preside o Partido Liberal Democrático (FDP), durante uma coletiva de imprensa em Berlim.
A declaração foi mais uma evidência das tensões dentro da coalizão governista, que tem discutido publicamente sobre a escassez de recursos nos últimos meses. “Lamento que não haja um debate interno sobre o que pode ser feito para fortalecer as condições estruturais para a indústria automotiva, e que propostas individuais sejam tornadas públicas”, acrescentou Lindner.
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A indústria automotiva europeia tem sido abalada pela queda na demanda por veículos elétricos, depois que governos, incluindo o da Alemanha, reduziram incentivos financeiros. As montadoras alemãs também foram particularmente afetadas pela desaceleração da demanda da China, um mercado chave para empresas como Volkswagen AG, Mercedes-Benz AG e BMW AG.
Na última sexta-feira, Habeck, que também é vice-chanceler e membro do Partido Verde, indicou a possibilidade de mais apoio ao setor.
Durante uma visita a uma fábrica da VW no noroeste da Alemanha, ele afirmou aos trabalhadores que, embora as montadoras sejam parcialmente responsáveis por suas dificuldades atuais, ele sente “uma obrigação de fazer algo para reaquecer o mercado”.
Stephan Gabriel Haufe, porta-voz do ministério de Habeck, afirmou em uma coletiva de imprensa do governo que as conversas previstas para segunda-feira, que acontecerão por videoconferência, não são o fórum adequado para decisões concretas.
O objetivo é analisar a situação do setor e discutir possíveis soluções, disse Haufe, acrescentando que Habeck fará uma declaração após as discussões em Berlim.
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A BMW emitiu um comunicado nesta segunda-feira sobre as “demandas que estão circulando no encontro automotivo de hoje”.
“A indústria automotiva alemã não precisa de ações de curto prazo que distorçam o mercado”, disse a empresa por e-mail. “Em vez disso, o foco deve ser em condições sustentáveis que facilitem a decisão dos clientes em favor dos veículos elétricos.”
As entregas de veículos elétricos na Alemanha — o maior mercado automotivo da região — caíram 69% em agosto, o que contribuiu para uma queda de 36% em todo o continente, segundo dados da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis divulgados na semana passada.
As gigantes automotivas alemãs têm enfrentado uma sequência de más notícias. Na semana passada, a Mercedes-Benz se juntou à BMW ao revisar para baixo sua previsão de lucro para o ano, citando a baixa demanda por carros na China.
O CEO da Mercedes-Benz, Ola Källenius, prometeu fazer o que for necessário para aumentar os retornos, o que pode incluir esforços adicionais para cortar custos.
A VW, a maior montadora do continente, está considerando fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez devido à demanda em queda.
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