A geradora renovável Auren Energia terminou o ano de 2024 com avanços importantes na captura de sinergias após a aquisição dos negócios da AES no Brasil e vai seguir com a construção do complexo eólico Cajuína 3 neste ano, disseram executivos da companhia à Reuters nesta segunda-feira (24).
O projeto agregará 112 megawatts (MW) de potência a um cluster já instalado no Rio Grande Norte, afirmou o CEO da empresa, Fábio Zanfelice.
A companhia ainda está trabalhando na venda de energia desse ativo no modelo de autoprodução, e a ideia é iniciar as obras neste ano, com previsão de entrada em operação até dezembro de 2026.
Segundo o CEO da Auren, o projeto mostrou “retorno bastante interessante” mesmo em um cenário ruim de preços para o lançamento de novos projetos de geração de energia no país. Isso porque o novo empreendimento já aproveita uma infraestrutura local, dispensando novos investimentos em transmissão de energia, além de ter um elevado fator de capacidade devido ao desempenho dos ventos na região.
Geração renovável
Sobre os cortes de geração renovável impostos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que atingiram principalmente os parques da AES em 2024, o CEO afirmou que o impacto “líquido” para a Auren foi de cerca de R$120 milhões.
Esse valor já desconta possíveis ressarcimentos pela produção de energia frustrada e também ganhos obtidos pela empresa com outras transações associadas, como modulação da geração.
“Em 2025, alguns efeitos (que levaram a cortes de geração) não estão presentes, e eles também vão estar mais diluídos no setor, não vão estar concentrados como foi ali em 24”, disse ele, ao comentar sobre perspectivas para os cortes neste ano.
Balanço de 2024
A companhia controlada por Votorantim e CPP Investments divulgou nesta segunda um prejuízo líquido de R$ 363,6 milhões no quarto trimestre de 2024, revertendo o lucro de R$ 220,2 milhões de um ano antes. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado proforma somou R$ 889,8 milhões, queda de 12,7% na base anual.
Com isso, no ano, a elétrica acumulou prejuízo líquido de R$ 32,6 milhões, ante lucro de R$ 15,6 milhões em 2023, enquanto o Ebitda alcançou R$ 3,31 bilhões, 5% abaixo de um ano antes.
Incorporação da AES Brasil
Os números refletem principalmente impactos iniciais da incorporação da AES Brasil, uma transação de R$ 7 bilhões que tornou a Auren a terceira maior geradora de energia do país e elevou bastante o custo financeiro da companhia em um primeiro momento, apontou o vice presidente de Finanças e RI, Mateus Ferreira.
Em entrevista à Reuters, os executivos da Auren ressaltaram os avanços de integração da AES, sobretudo com redução de custos de pessoal, material, serviços e outros (PMSO), melhora dos custos de dívida e retomada de ativos que estavam fora de operação.
Em dois meses desde a conclusão do negócio, a companhia já obteve uma economia de R$ 43,5 milhões em PMSO, e foram colocadas em 37 turbinas eólicas de parques da AES que antes estavam paradas, exemplificaram eles.
“Nossa previsão é que até o final de 2025 nós já tenhamos praticamente a maior parte das sinergias já consolidadas na companhia. E tem sido antecipado em relação à previsão que a gente tinha no ‘business plan'”, disse Zanfelice.
(Por Letícia Fucuchima)