Desde que abriu seu capital na Bolsa, a Rede D’Or (RDOR3) tem enfrentado um desafio: provar aos investidores que pode crescer em ritmo acelerado mesmo já sendo a maior rede privada de hospitais do Brasil. Neste ano de 2025, a companhia — dona de hospitais como Copa D’Or e Quinta D’Or e das rede São Luiz, Star e Esperança  — espera evidenciar isso com uma grande abertura de novos leitos.

Na última teleconferência de resultados trimestrais, realizada em março, o CEO, Paulo Moll, disse que a empresa deve abrir neste ano de 2025 um número de leitos muito maior do que o registrado em 2024, que foi de 259 novas unidades.

Entre janeiro e março deste ano a empresa controlada pela família Moll já abriu 236 novos leitos. A abertura desses espaços é uma das principais estratégias de crescimento da rede, já que o número de leitos é deficitário nos hospitais brasileiros.

O plano geral da Rede D’Or, anunciado em setembro do ano passado, prevê o investimento de R$ 7,5 bilhões para a abertura de 5,4 mil novos leitos até 2028, um incremento de 46% sobre a base que tinha até então.

O cumprimento do plano pode ajudar a companhia a recuperar parte de seu valor na Bolsa. Conhecida por sua eficiência no controle de custos, pela hotelaria de alto padrão e pelo programa de qualidade técnica em seus hospitais, a Rede D’Or fez seu IPO no fim de 2020. Mas desde então as ações da empresa acumulam perdas de 55%.

Parte da queda é explicada pelo movimento do próprio setor de saúde, que enfrentou desafios maiores do que o previsto no pós-pandemia com a alta dos custos hospitalares e da sinistralidade (taxa que mostra o quanto usuários de planos de saúde gastaram com médicos). 

Um outro motivo da queda das ações está na frustração dos investidores com a velocidade de expansão do grupo, que, nos últimos anos, com a taxa de juros alta e menos ativos interessantes disponíveis, acabou sendo menor do que o seu histórico e do que o mercado imaginava. 

“A essência da tese do IPO, de que a Rede D’Or é uma empresa bem gerida, com hospitais desejados e com poder de barganha, não mudou. O que mudou ao longo do tempo foi o ritmo em que as coisas acontecem. A expectativa de abertura de leitos e aquisições foi se frustrando nos últimos anos”, afirma um gestor de fundos que acompanha e investe atualmente na empresa por considerar o valor das ações atrativo.

Família Moll se faz presente nos negócios 

Hoje, além de Paulo Moll, que é o filho caçula do fundador da Rede D’Or e ocupa a presidência do grupo, outros membros da família Moll participam dos negócios. O fundador do grupo, Jorge Moll Filho, ocupa a presidência do conselho e costuma se manter ativo na visita aos hospitais da rede e no diálogo com os médicos. 

Dois de seus filhos, Pedro Moll e André Francisco Moll, também ocupam cadeiras no conselho de administração da empresa. O outro filho do fundador, Jorge Moll Neto, coordena o centro de pesquisas Instituto D’Or e a única filha mulher do fundador, Renata Moll Bernardes, também atua em pesquisas no instituto. 

O envolvimento da família nos negócios é visto por analistas como um ponto positivo dentro do grupo, já que parte dela é formada por médicos com boa reputação e bom relacionamento na área. Hoje, a família detém 47,5% das ações do grupo. A Rede D’Or possui 78 hospitais e a operadora de planos de saúde SulAmérica em seu portfólio. Na Bolsa, o negócio está avaliado hoje em cerca de R$ 66 bilhões de reais. 

O InvestNews procurou a Rede D’Or, mas a empresa não concedeu entrevista.