O grupo St. Marche, dono dos supermercados St Marche e do Empório Santa Maria, entrou com pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial. As dívidas do grupo são de R$ 528 milhões e a direção está tentando negociar com credores. O objetivo agora é evitar um processo judicial.
O pedido foi feito pelo escsritório de advocacia TWK. No documento consta que a reestruturação do passivo financeiro é o caminho mais viável, e que não penalizaria outros credores, colaboradores e fornecedores.
Assim, a estratégia é ter acesso a financiamento de R$ 127,5 milhões, o que diminuiria a participação do controlador, o fundo americano de private equity L Catterton, que hoje tem 65% da empresa. O fundo deve entrar com um terço deste empréstimo e perde, assim, seu lugar de acionista majoritário do grupo.
Este novo financiamento tem prazo de vencimento de nove meses, e paga taxa de CDI mais 7%. O prazo poderá durar mais três meses, caso a empresa não seja vendida até lá.
Como garantia, o St Marche dará ações da holding STM e da Hortus, que controla o supermercado.
Em janeiro deste ano, a rede atingiu faturamento bruto de R$ 94 milhões, porém R$ 60 milhões estavam comprometidos com garantias. A empresa teve caixa negativo de R$ 10 milhões após pagar R$ 103 milhões em compromissos. A situação se agravou após o FIDC Alternative Assets I, do BTG Pactual – maior credor, com R$ 275 milhões – declarar o vencimento antecipado da dívida.
31 lojas e queda nas vendas
Ao todo, a companhia tem 31 supermercados na capital e na grande São Paulo.
O St. Marche foi criado pelos empresários Bernardo Ouro Preto e Victor Leal e tem como sócio o fundo L Catterton desde 2016.
A primeira unidade foi aberta no início dos anos 2000, no bairro do Morumbi. O faturamento de 2023 foi de cerca de R$ 1,1 bilhão. No ano passado, as vendas caíram para R$ 971 milhões.
De onde vem a dívida do St Marche
Tudo começou quando o St Marche passou a investir na abertura de novas lojas, o que aconteceu entre julho de 2021 e agosto de 2023. Por outro lado, com cenário macroeconômico adverso, a companhia não conseguiu abrir o capital na bolsa, o que traria fôlego financeiro para a companhia.
Além disso, a alta dos juros impactou os custos do grupo, que ainda foi afetado pelo caso Americanas, que mudou o comportamento dos credores em relação ao varejo.
Além do BTG, outros credores do St Marche são a Eco Securitizadora (cerca de R$ 224 milhões), Banco do Brasil (R$ 27,9 milhões), Santander (R$ 24,2 milhões) e Via Invest (R$ 13,9 milhões).