Apesar de toda emoção envolvida em um divórcio, dinheiro é extremamente importante durante a separação. Mas, apesar de toda a atenção dada às questões financeiras, quem se divorcia frequentemente comete os mesmos erros financeiros. “São erros que poderiam ser evitados com facilidade”, diz Bari Weinberger, proprietário do Weinberger Divorce & Family Law Group em Parsippany, em Nova Jersey.

Um divórcio mal costurado pode gerar danos financeiros duradouros, embora as mulheres geralmente sejam as mais vulneráveis porque tendem a ganhar menos.

Abaixo estão alguns dos erros financeiros que as pessoas cometem em um divórcio, de acordo com advogados e especialistas financeiros — e as lições que você pode aprender com eles.

1. Gastos para comemorar o divórcio 

Pode parecer estranho, mas muita gente gasta rios de dinheiro assim que decide se divorciar. Alguns ex-cônjuges usam o dinheiro de acordos de divórcio com comemorações extravagantes, enquanto outros compram artigos luxuosos, como veículos novos caríssimos, para aliviar a dor de um rompimento tenso.

A pressa para comprar uma casa é outro erro comum. A coach de divórcio Liza Caldwell incentiva os parceiros divorciados a adiar a compra de uma residência até que a vida e as finanças se estabilizem.

Os riscos financeiros de comprar uma casa muito cedo: você pode pagar mais caro dada a urgência do recomeço ou ficar sem dinheiro, limitando sua flexibilidade financeira, diz Caldwell, cofundadora da SAS for Women, empresa que auxilia mulheres em divórcio.

Em outros casos, os casais ignoram gastos dispendiosos pouco antes de o casamento finalmente acabar. Férias luxuosas, presentes caros, compras de casas e novas dívidas conjuntas durante uma separação iminente podem se tornar fardos caros que complicam a divisão dos bens conjugais durante o divórcio, adverte Weinberger.

2. O/a ex esconde bens ou investimentos

Alguns cônjuges escondem bens antes de pedir o divórcio e enviar o relatório financeiro obrigatório, para que possam obter uma vantagem em um acordo.

Uma tática comum é por investimentos e bens no nome de amigos ou parentes até que o rompimento seja finalizado. Mirtha Valdes Martin, contadora pública certificada em Ormond Beach, na Flórida, vê regularmente proprietários de pequenas empresas usarem essa tática. É ainda mais difícil encontrar ativos ocultos se os casais mantiverem parte ou todas as suas finanças separadas

Entre os sinais sutis dessa estratégia pré-divórcio: o cônjuge evita discutir questões financeiras, diz Justin Burns, sócio-gerente da empresa de investigação financeira Space Coast Forensics em Melbourne, na Flórida.

Mas você pode descobrir ativos ocultos contratando um investigador particular ou um contador forense.

Martin recomenda que os clientes se antecipem à ocultação de ativos primeiro solicitando o divórcio e negociando acordos que exijam até mesmo a divisão de bens descobertos posteriormente.

3. Você deixa as emoções dominarem o processo

Batalhas emocionais sobre a custódia dos filhos e de propriedades podem inflar ainda mais a conta de um divórcio, prolongando o processo.

Considere Maggie Kim, musicista e escritora de Divorce or Die (ou ‘Divórcio ou morte’), uma newsletter do Substack. A moradora de Santa Monica, na Califórnia, diz que gastou US$ 500 mil em honorários advocatícios em um processo de divórcio prolongado. Sob um acordo de 2024, conta Kim, ela ganhou a custódia de seus dois filhos e recebeu uma quantia de seis dígitos. Mas esse dinheiro foi gasto para saldar dívidas — incluindo seis cartões de crédito estourados — que ela acumulou porque o divórcio demorou muito.

“As emoções foram a maior razão pela qual meu divórcio e a luta pela custódia levaram sete anos”, diz Kim, que se tornou coach de divórcio certificada em janeiro.

Um conselho que ela dá aos clientes: encurte o processo controlando suas emoções com a ajuda da sua rede de apoio. E não peça apoio emocional a seu advogado. Tratar seu advogado de divórcio como seu terapeuta não é bom, especialmente “quando você recebe uma conta de cinco dígitos mais tarde porque passou duas horas choramingando no escritório dele — mais uma vez”, diz Kim.

4. Você lida mal com bens de baixa liquidez

Ativos ilíquidos — como opções de ações, contas individuais de aposentadoria e imóveis — geralmente compõem uma grande parte dos acordos de divórcio. Mas os ativos ilíquidos muitas vezes não podem ser rapidamente convertidos em dinheiro sem perder valor. Vendê-los também pode ser um processo caro por causa das taxas de transação ou, no caso de saques antecipados de contas de aposentadoria, impostos extras e multas. Além do mais, pode ser difícil encontrar um comprador.

Tudo isso complica a distribuição em um acordo de divórcio. Stacy Francis, chefe da Francis Financial, empresa de consultoria de Nova York, pede que os cônjuges divorciados levem em consideração as restrições de liquidez ao decidir como desejam que os bens conjugais sejam divididos.

Por exemplo, Francis conta que uma cliente queria aceitar a proposta de seu marido de divisão igualitária de um fundo de aposentadoria, de contas de corretagem e de participações de private equity ilíquidas. Francis convenceu a cliente, que era uma dona de casa, a ficar apenas com as contas de corretagem líquidas, porque ela poderia vender mais facilmente suas participações para complementar sua renda futura.

Porém, em outros casos, os ativos ilíquidos podem constituir uma parte muito grande da carteira de um casal para que um dos cônjuges abra mão de qualquer um deles. Nessa situação, “pode realmente valer a pena esperar até que eles amadureçam e possam ser vendidos” sem sofrer perdas ou incorrer em taxas ou impostos substanciais, diz Francis. “Negociar pagamentos estruturados ou até mesmo um acordo de copropriedade pode ser uma solução criativa”, diz ela.

5. Você subestima o custo de vida pós-divórcio

As pessoas acostumadas a ter duas rendas para cobrir as despesas domésticas frequentemente subestimam o quanto precisarão pagar pelas coisas por conta própria. Isso inclui moradia, seguro saúde, aconselhamento familiar pós-divórcio, refeições, escola e serviços de faxina.

Alison Myers, de Friendswood, no Texas, teve alguns problemas para pagar contas de água e luz após o divórcio. Ela diz que sua energia foi cortada cerca de seis vezes entre 2018 e 2023. Ela culpa principalmente sua dependência da pensão alimentícia — e não ter contado com uma redução quando o mais velho de quatro filhos completou 18 anos. 

Rick Jones, sócio-gerente da Goldberg Jones, escritório de advocacia de divórcio de Seattle focado em homens, diz que alguns “pais que pagam pensão alimentícia total ou parcial não preveem o custo adicional de ter uma casa grande o suficiente para as visitas de seus filhos”. 

Isso aconteceu com Joseph Goldy, planejador financeiro certificado. A casa de um quarto que ele alugou ao deixar sua esposa em 2017 mostrou-se inadequada para abrigar dois filhos; então, acabou alugando uma de quatro quartos. “Foi um desafio sustentar duas famílias com o que eu estava ganhando”, diz Goldy, que agora trabalha na Highland Financial Advisors em Wayne, em Nova Jersey.

Ele sugere que os indivíduos divorciados criem projeções realistas de fluxo de caixa.

E monitorem de perto os gastos discricionários, como assinaturas de streaming de música.

Traduzido do inglês por InvestNews

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