A renúncia de Nelson Kauffman e as mudanças previstas que estão em análise do conselho serão aprovadas em assembleia geral extraordinária (AGE), a ser convocada. O empresário continuará como acionista relevante, mas se dedicará a assuntos pessoais. Atualmente ele detém 27,6% do capital social da joalheria na pessoa física e 5,72% por meio da NKaufman Empreendimentos Imobiliários.
Com a saída de cena do fundador, o entendimento de integrantes do conselho e da família é de que a ascensão de Marina ao comando do board é um movimento estratégico que “faz parte de um processo natural de sucessão”. Ela compõe o conselho desde 2007 e tem mais de 20 anos de experiência no setor.
Também em comum acordo, os acionistas de referência decidiram repor a cadeira da família com um velho conhecido: Paulo Kruglensky, sobrinho de Nelson e que foi CEO da Vivara de 2021 até março de 2024, quando o fundador fez sua volta repentina aos negócios.
Kruglensky também era conselheiro. Além disso, foi acionista da companhia até o começo deste ano, quando vendeu sua fatia de 4% para o tio. Antes disso, em 2024, ele chegou à Azzas 2154 para liderar a integração entre Arezzo e Soma, mas saiu pouco depois, em outubro.
Entre idas e vindas
Kauffman voltou a comandar a Vivara em março de 2024, depois de mais de uma década longe da gestão da companhia. A volta, porém, causou uma reviravolta na trajetória da Vivara.
Ao contrário das histórias mais comuns em que o fundador volta para colocar a companhia de novo nos trilhos, Kauffman voltou para a Vivara quando a joalheira vivia bom momento, com a ação acumulando alta e recomendações de compras pelos analistas dos bancos de investimento.
A volta inesperada não só pegou o mercado de surpresa como teve sabor amargo, deixando sinais de problemas de governança na companhia. A decisão, por exemplo, levou a conflitos no conselho.
Também tirou do comando Kruglensky, que tinha confiança do mercado após entregar trimestres de crescimento da joalheria e acertos com a expansão acelerada da Life, linha de joias de prata. Nos dias subsequentes ao anúncio, as ações da Vivara caíram mais de 20%.
Sem mudanças no comando… ao menos por enquanto
A reação do mercado foi tão sonora que Kauffman saiu da gestão dias depois e ficou presidindo o conselho. A cadeira de CEO chegou a ser ocupada por Otavio Lyra, então CFO, mas o executivo deixou a empresa em novembro do ano passado.
Como CEO, a Vivara anunciou Icaro Borello, homem de confiança de Kauffman e, até então, diretor de operações. Como CFO, a empresa elegeu no começo deste ano Elias Leal Lima, antes diretor de relações com investidores da Kora.
Agora, essa atual formação na direção executiva não deve mudar. Segundo pessoas próximas à companhia, também não estão previstas mudanças na estratégia da companhia. A preocupação da Vivara é fazer as alterações sem gerar mais ruídos de governança – o que ainda é um ponto de atenção do mercado.
Para o time do Citi, a sinalização de manutenção da diretoria “mostra a clara intenção da Vivara de melhorar as práticas de governança corporativa — algo que tem sido uma preocupação contínua e com resistência do mercado. Isso favorece uma percepção de risco menor e pode, eventualmente, se traduzir em uma expansão de múltiplos.”
O banco inicou um monitoramento da ação apostando que o papel tem, além das movimentações de governança corporativa, razões operacionais para se valorizar. A aposta da equipe do citi é de que o segundo trimestre de 2025 mostrará uma melhora em diversas métricas-chave, incluindo: aceleração de vendas em mesmas lojas na marca Life; melhora da margem bruta e estoques “pelo menos estabilizados”.
No ano, a ação da Vivara sobe 37,90%.