Analistas ouvidos pela Bloomberg afirmam que essa baixa já poderia ter acontecido. Kyle Sanders, analista da assessoria de investimentos Edward Jones, aponta que a Berkshire ganha agora mais flexibilidade para sair da posição na empresa. “Este é um dos maiores deslizes de Warren nas últimas décadas; talvez seja hora de seguir em frente”, disse.
A Berkshire já havia reconhecido uma perda no valor do negócio em 2019, de US$ 3 bilhões. Segundo os documentos regulatórios, a empresa chegou a considerar manter o investimento até que o seu “valor justo” excedesse o valor contábil. No entanto, diante das incertezas econômicas e do desempenho operacional e financeiro da empresa, a avaliação final foi de que as perdas não eram mais temporárias.
Ainda de acordo com os documentos divulgados hoje, o caixa da Berkshire caiu 1% no trimestre encerrado em junho, para US$ 344 bilhões. Já o lucro operacional recuou 3,8%, para US$ 11,16 bilhões. Com uma postura mais cautelosa em relação ao mercado, a gestora vendeu cerca de US$ 3 bilhões em ações de outras empresas, de acordo com a Bloomberg.
O efeito das tarifas de Trump
A empresa de investimentos de Buffett também afirmou que a guerra comercial travada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, afetou os seus negócios. Até junho, as receitas de algumas subsidiárias de consumo recuaram, em parte por reestruturações e pela incerteza da guerra comercial.
A própria gestora também alertou que questões geopolíticas e macroeconômicas podem ter novos impactos nos resultados daqui em diante. “O ritmo dessas mudanças — incluindo tensões decorrentes de políticas comerciais internacionais e tarifas — acelerou nos primeiros seis meses de 2025”, afirmou a empresa.
A Berkshire admitiu ainda que não sabe qual serão os efeitos da nova política tarifária de Trump sobre seus resultados. “Atualmente, não somos capazes de prever com confiabilidade a natureza, o momento ou a magnitude das possíveis consequências econômicas dessas mudanças, nem seus impactos em nossas demonstrações financeiras.”