O CEO da Xiaomi, Lu Weibing, mostrou os planos de expansão da empresa após relatar um aumento de 31% na receita trimestral, impulsionado pelo lançamento bem-sucedido de seu segundo veículo elétrico no verão. Isso ajudou a conter a desaceleração da demanda por smartphones da marca.
A Xiaomi já havia descrito ambições de se tornar global, embora nunca tenha especificado um mercado-alvo.
A Europa é um destino comum para montadoras chinesas como a BYD que buscam explorar um mercado mais lucrativo, enquanto governos em todo o continente estão cortejando empresas chinesas de veículos elétricos e baterias, em parte para mitigar o impacto das tarifas americanas.
A forte demanda pelo utilitário esportivo YU7, lançado pelo cofundador Lei Jun no final de junho, está impulsionando a aposta de US$ 10 bilhões da Xiaomi em um mercado de veículos elétricos em rápido crescimento, mas concorrido.
A empresa pretende se tornar uma das cinco maiores montadoras do mundo, apesar da crise na produção que está testando sua capacidade de expansão. O tempo de espera pelo SUV já passou de um ano.
Xiaomi: mais carro, menos celulares
A receita subiu para 116 bilhões de yuans (US$ 16,2 bilhões) no trimestre de junho, superando a estimativa média dos analistas.
A empresa entregou 81.302 carros, elevando o total para mais de 157.000 no primeiro semestre — a caminho de superar a produção de 2024.
Mas os smartphones — seu principal e maior negócio — caíram 2,1% e ficaram cerca de 5% abaixo da projeção média.
Embora a Xiaomi não espere que os smartphones tenham muito crescimento ainda este ano, a meta da empresa é aumentar sua participação de mercado na China em 1% ao ano, informou o CEO a repórteres em uma teleconferência pós-lucros nesta terça-feira (19).
Os prejuízos da divisão de veículos elétricos diminuíram para cerca de 300 milhões de yuans durante o período. Ele afirmou em uma reunião com investidores em junho que a expectativa é que a montadora se torne lucrativa no segundo semestre deste ano.
A Xiaomi acumulou cerca de US$ 120 bilhões em valor de mercado no último ano, impulsionada por uma investida no segmento de veículos elétricos que ganhou força contra rivais muito maiores e mais experientes.
A empresa parece ter se recuperado de um acidente fatal envolvendo um de seus sedãs SU7 em março, que estava com o piloto automático ativado. O acidente levou os órgãos reguladores a restringir a implantação de tecnologia avançada de assistência ao motorista.
O governo chinês também interveio em junho para tentar interromper uma longa guerra de preços que reduziu as margens de lucro em toda a cadeia de suprimentos de automóveis. A Xiaomi evitou se envolver em descontos, já que a demanda por seus veículos permanece alta. O lucro líquido geral da Xiaomi praticamente dobrou para 11,9 bilhões de yuans, auxiliado em parte pelos ganhos de valor justo em instrumentos financeiros.
Ainda assim, as ações agora estão sendo negociadas a avaliações mais caras do que as da BYD e da rival global de smartphones Samsung Electronics.