Criada em 2016, a Opep+ é liderada por Arábia Saudita e Rússia e responde por mais de 40% da produção global de petróleo. Nos últimos meses, o grupo surpreendeu ao antecipar a volta de 2,2 milhões de barris por dia ao mercado, um ano antes do previsto, em meio a sinais de desaceleração da demanda.
De acordo com delegados do grupo, a decisão será formalizada em reunião virtual neste domingo (7). Se o ritmo de 137 mil barris por mês for mantido, o cartel terá revertido todos os cortes de 1,66 milhão de barris por dia em um ano.
Ainda assim, parte do volume deve ficar abaixo do anunciado, já que alguns países não têm capacidade ociosa para bombear mais, enquanto outros precisam compensar excessos de produção anteriores.
O movimento pressiona nações que dependem de preços mais altos para equilibrar suas contas, ao mesmo tempo em que enfraquece o “colchão de segurança” de capacidade ociosa que historicamente ajudava a suavizar choques inesperados de oferta.
Apesar do risco de excesso de petróleo no mercado, a Opep+ aposta na resiliência da demanda. O preço do barril caiu cerca de 12% em 2025, em parte devido ao aumento de produção do próprio grupo e à guerra comercial conduzida pelo presidente americano Donald Trump. Mesmo assim, o mercado se manteve mais firme do que se esperava, dando confiança extra a Riad e Moscou para liberar mais barris.
A aceleração do aumento tende a agradar Trump, que pressiona por energia mais barata como forma de conter a inflação e enfraquecer a Rússia na guerra contra a Ucrânia. O príncipe-herdeiro saudita Mohammed bin Salman tem visita marcada a Washington em novembro para se reunir com o presidente dos EUA.
A decisão representa mais uma reviravolta conduzida pelo ministro de Energia saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, conhecido por surpreender o mercado e tentar desarmar especuladores. No início da semana, a maioria dos analistas e traders consultados pela Bloomberg previa manutenção da produção, até surgirem sinais de que o grupo cogitava um aumento.