Hoje, a empresa está sob a gestão da segunda e terceira geração familiar, sem perder a conexão com suas raízes artesanais. Da receita caseira nos fundos do casal Célio Geraldo e Jacyra Paiola, a produção cresceu de 50 kg por dia para receber na fábrica hoje, diariamente, cerca de 15 a 20 toneladas, todas descascadas manualmente.
“Nosso objetivo é manter nossa receita, que há mais de 50 anos é natural de verdade, dentro de uma categoria de alimentos que se transforma rapidamente. Nosso consumidor de longa data sabe que trabalhamos apenas com a fruta e nada mais. Hoje conseguimos expandir esse valor para novos públicos, usando exatamente o que temos de mais simples e verdadeiro: nossa pureza”, afirma Letícia Paiola, CMO da Bananinha Paraíbuna.
Hoje com 32 anos, Letícia, publicitária de formação, passou a integrar a empresa em 2016, após atuar em vendas e trade marketing na Colgate. Dez anos atrás, ela retornou à fábrica “com um olhar não mais de criança, mas de uma mulher que já se aventurava no mundo dos negócios”, diz. “Senti um encantamento tão grande que gerou uma paixão imensa”, recorda a neta do “vô Célio”.
Da receita caseira ao reconhecimento nacional, a trajetória da empresa é marcada por fidelidade ao produto 100% natural e superação. Nos primeiros anos, além da barrinha de banana, eram produzidos doces como pessegada, goiabada e marmelada. Em 1978, nasceu a Bananinha Cristal, o famoso “charutinho de banana”. Nos anos 1980, a marca criou a Bananinha Zero Açúcar, que se tornaria o carro-chefe da empresa.
Nos anos 1990, a empresa apostou na presença no varejo com displays individuais, facilitando a entrada em padarias, mercados e farmácias. Nesse período, surgiram também as balinhas de bananada, pensadas para compartilhar.
Enchente devastadora e recuperação
O início dos anos 2000 trouxe desafios extremos. Em 2001, a empresa enfrentou uma enchente que devastou Paraibuna e destruiu toda a produção. Cerca de 80% dos equipamentos foram perdidos. Parecia o fim do sonho, mas, em 2002, veio a virada: as vendas dispararam e a marca se fortaleceu ainda mais. De acordo com Letícia, inesperadamente, após aquele dia trágico, os telefones da empresa tocaram o dia todo com novos pedidos e novos clientes.
A experiência reforçou a estratégia de modernização da produção e consolidação comercial, abrindo caminho para a expansão nacional.
Em 2010, a empresa inaugurou uma nova linha de produção, aumentando a capacidade em 50%, com investimento de R$ 1 milhão financiado pelo Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos).
Pandemia
Outro momento desafiador para a empresa foi a pandemia de Covid-19, quando enfrentou a redução do comércio físico e mudanças nos hábitos de consumo. A marca respondeu com reforço ao e-commerce e ampliação canais de venda diretos ao consumidor, garantindo que seus produtos chegassem a todo o Brasil mesmo em meio às restrições.
“Por sorte, um mês antes da pandemia, eu tinha aprovado com a minha diretora um investimento na nossa loja online. Lembro que na época foram R$ 10 mil de anúncio. E aí o nosso canal de venda online ganha um protagonismo. Mas foi um momento horrível. A gente está se recuperando até hoje”, afirma Letícia Paiola.
Após a crise da pandemia, a empresa percebeu a importância de explorar não apenas o mercado de distribuidores, mas também o varejo e o canal direto ao consumidor. “Saio da pandemia com um canal direto voltando a ser forte e um canal direto para consumidor final, duas operações de margens legais. E aí, a gente começa a focar nas grandes redes”, recorda ela.
Olhar para o futuro e exportação
O crescimento continua. A Bananinha Paraibuna já realiza vendas internacionais pontuais e planeja expandir a exportação, atualmente responsável por menos de 5% do faturamento. “Em 2025, o faturamento é três vezes maior do que em 2020. Nos sete primeiros meses do ano, já registramos crescimento de 36% sobre o mesmo período de 2024”, celebra Letícia.
A executiva aponta tendências do mercado de alimentos: valorização dos produtos “clean label” — com menos ingredientes e maior transparência — e maior demanda por snacks saudáveis. “Estamos também olhando para esse mundo de suplementação. A gente quer que Bananinha faça ainda mais parte ainda da qualidade de vida das pessoas”, conclui a executiva, que promete o lançamento de novos produtos para 2026.