As usinas adquiridas pertenciam à Rovema e somam 69,4 megawatts (MW) de potência instalada, o suficiente para atender cerca de 30 mil unidades consumidoras, o equivalente a aproximadamente 20% das ligações elétricas do estado. As unidades estão localizadas em Cruzeiro do Sul (52,8 MW), Feijó (7,2 MW) e Tarauacá (9,4 MW) e operam com óleo combustível. A conclusão da operação ainda depende da aprovação dos órgãos reguladores.
Segundo a Âmbar, a incorporação das térmicas fortalece o portfólio de geração e reforça o compromisso do grupo com a segurança de abastecimento no Norte. “As usinas do estado são decisivas para esse propósito”, afirmou o presidente da companhia, Marcelo Zanatta, em nota.
Expansão coordenada
O movimento no Acre dá continuidade a uma estratégia de crescimento acelerado da Âmbar, que vem consolidando ativos em diferentes frentes do setor elétrico — da geração térmica e hidrelétrica à distribuição e, mais recentemente, à energia nuclear.
Em setembro, o InvestNews revelou que a J&F formalizou a compra de todo o núcleo de ativos da Oliveira Energia, incluindo as distribuidoras Amazonas Energia e Roraima Energia, além de quatro usinas termelétricas e da empresa de redes Norte Tech.
A operação, ainda em análise pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), marcou a entrada da holding na distribuição de energia em regiões que dependem fortemente de geração térmica subsidiada pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC).
Com a aquisição da Roraima Energia, a J&F passou a controlar a única distribuidora do estado, uma das poucas operações do país que continuam totalmente fora da rede interligada nacional. Já a Amazonas Energia, historicamente deficitária, foi alvo de um acordo bilionário com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que previu aportes de R$ 9,8 bilhões e flexibilizações regulatórias por 15 anos para viabilizar sua recuperação financeira.
Entrada na energia nuclear
A expansão da Âmbar não se limita ao Norte. Em outubro, a companhia também anunciou a compra da participação da Axia Energia (antiga Eletrobras) na Eletronuclear, responsável pelas usinas de Angra. O negócio, de R$ 535 milhões, marcou a entrada da J&F na geração nuclear — um setor historicamente restrito ao governo federal.
Com a transação, a Âmbar passou a deter 68% do capital total e 35,3% do capital votante da Eletronuclear, enquanto a União, por meio da estatal ENBPar, mantém o controle com 64,7% das ações com direito a voto. As usinas Angra 1 e 2, localizadas em Angra dos Reis (RJ), somam quase 2 mil MW de capacidade e operam com contratos de longo prazo válidos até 2044 e 2040, garantindo previsibilidade de receitas.
A operação também coloca o grupo diante de um novo desafio: a retomada do projeto de Angra 3, paralisado há quase quatro décadas e símbolo dos altos custos e atrasos do setor elétrico brasileiro.