A Blue Origin, empresa aeroespacial fundada por Jeff Bezos, está se preparando para lançar neste domingo (9) seu foguete New Glenn a partir de Cabo Canaveral, na Flórida. O voo representa um teste decisivo na tentativa da companhia de competir com a SpaceX, de Elon Musk, no disputado setor de lançamentos espaciais.

Se o teste for bem-sucedido, a Blue Origin poderá finalmente dar um passo concreto rumo à concorrência direta com a SpaceX — e reposicionar Jeff Bezos como um dos principais nomes da nova corrida espacial. A janela de lançamento está prevista entre 16h45 e 19h11 (horário de Brasília).

Com 97,5 metros de altura — o equivalente a um prédio de 30 andares —, o New Glenn levará duas sondas construídas pela Rocket Lab Corp. rumo a Marte. A missão, batizada de Escapade (sigla em inglês para Escape and Plasma Acceleration and Dynamics Explorers), vai estudar como os ventos solares interagem com a atmosfera marciana. É a primeira missão da Blue Origin para a NASA.

Projeto atrasado, mas essencial

O New Glenn é peça central nos planos de longo prazo da Blue Origin, mas sofreu anos de atrasos e ficou cerca de nove meses em espera desde o primeiro voo, em janeiro.

Na época, o foguete alcançou a órbita, mas falhou na tentativa de pousar o propulsor, etapa fundamental para sua reutilização.

O CEO da companhia, Dave Limp, afirmou no início do ano que o objetivo é realizar entre seis e oito voos em 2025, incluindo um novo lançamento ainda na primavera norte-americana.

Um sucesso neste domingo poderia recolocar a Blue Origin no caminho para desafiar o domínio da SpaceX, cuja série de foguetes Falcon 9 é hoje a mais utilizada do mundo.

Tecnologia reutilizável e aposta bilionária

Após o lançamento, a Blue Origin tentará recuperar o primeiro estágio do foguete em uma plataforma no oceano Atlântico, repetindo a estratégia pioneira da SpaceX.

O New Glenn foi projetado para ser parcialmente reutilizável, permitindo que seus propulsores sejam usados em várias missões, o que reduz custos e acelera o ritmo de lançamentos.

Enquanto a empresa de Bezos já leva turistas à borda do espaço com foguetes menores, o New Glenn representa um salto de escala: ele permitirá transportar satélites e espaçonaves para a órbita e além.
Essa capacidade é vista como fundamental para atender aos mais de US$ 10 bilhões em contratos que a Blue Origin já tem assinados com clientes governamentais e privados.

Contrato com a NASA e corrida por novos foguetes

Entre esses contratos, está o acordo com a NASA para levar astronautas à Lua na missão Artemis V, prevista para os próximos anos.

O New Glenn faz parte de uma nova geração de foguetes pesados, ao lado do Vulcan, da United Launch Alliance, e do Ariane 6, da Agência Espacial Europeia. Todos enfrentam desafios para aumentar a frequência de voos orbitais e provar sua viabilidade comercial.