A Sabesp não pretende ampliar sua política de dividendos no curto prazo. A prioridade é preservar o caixa para sustentar o ciclo de investimentos previsto no contrato de concessão da empresa. As informações são do presidente da empresa, Carlos Piani.

O tema dos dividendos é, segundo o executivo, revisitado com frequência pelo conselho, mas o momento ainda exige prudência.

“Antes de discutir dividendos, precisamos considerar o custo de capital, que continua alto, e o espaço que queremos manter no balanço para aproveitar oportunidades de investimento que ofereçam retorno acima do nosso ativo atual”, disse Piani, em teleconferência sobre os resultados trimestrais da companhia.

O mercado responde relativamente bem: alta de 0,7%, a R$ 138 na tarde desta terça-feira (11). A ação opera em suas máximas históricas.

O fortalecimento da estrutura financeira da Sabesp passa por algumas iniciativas, como a emissão de R$ 4,9 bilhões em novas dívidas com prazos mais longos – 59% do endividamento agora vence após 2030 – e a manutenção de R$ 11,6 bilhões em caixa. É o que garante conforto para financiar a universalização e avaliar fusões ou aquisições sem comprometer o equilíbrio financeiro.

Entre as aquisições possíveis, a companhia está de olho tanto em blocos regionais de saneamento em São Paulo, quanto em eventuais ativos como a Copasa. A empresa está em processo de privatização em Minas Gerais e pode ter a venda concluída na primeira metade de 2026, caso o cronograma do governo mineiro seja mantido.

Sobre a aquisição da EMAE, assinada em outubro deste ano, os executivos informaram que a transação está em análise pelos órgãos reguladores, com conclusão prevista entre o fim de 2026 e o início de 2027. O negócio deve reforçar a segurança hídrica e eficiência energética, reduzindo o custo de captação e distribuição de água na região metropolitana.

A companhia mantém expectativa de publicar nas próximas semanas o resultado da revisão tarifária, atualmente em fase final de validação com a agência reguladora. O processo está “no último estágio de ajustes técnicos”, segundo executivos da empresa.

Esse processo também deve refletir a recomposição da base de ativos e os efeitos da tarifa FAUSP — uma contribuição financeira criada no novo contrato de concessão para financiar os investimentos de universalização no estado —, cuja taxa foi ajustada de 3,28% para 3,78%.

Do lado operacional, a Sabesp seguirá expandindo o mercado livre de energia, que já responde por 80% do consumo, e prevê a operação de cerca de 40 parques solares até 2026, ampliando o uso de fontes renováveis e reduzindo custos recorrentes.

O mercado livre de energia permite que grandes consumidores escolham de quem comprar sua eletricidade, negociando preços, prazos e fontes de geração diretamente com os fornecedores, em vez de pagar as tarifas fixadas pelas distribuidoras locais.

Em relação ao sistema Cantareira, principal conjunto de reservatórios que abastece a Região Metropolitana de São Paulo, a administração reconheceu um cenário “mais desafiador” de chuvas abaixo da média, mas afastou riscos imediatos. A empresa monitora semanalmente a situação com o governo e a agência reguladora e afirma não prever queda dos reservatórios abaixo de 20%. Um plano de contingência está pronto para ser acionado, caso necessário.

No terceiro trimestre de 2025, a Sabesp registrou lucro líquido ajustado de R$ 1,2 bilhão, alta de 9,5% ante 2024, e Ebitda ajustado (uma medida de lucro operacional) de R$ 3,2 bilhões, avanço de 14,7% na mesma base de comparação. As despesas de capital, que são os investimentos feitos em infraestrutura e ativos da empresa, atingiu R$ 4 bilhões, avanço de 175% em um ano, refletindo o ritmo de execução dos projetos de universalização e modernização da rede.