A Novonor informou que, até o momento, não houve qualquer evolução material ou vinculante nas discussões envolvendo sua participação na Braskem. A declaração foi divulgada na noite da última terça-feira (11) após notícias de que a empresa estaria próxima de fechar um acordo para vender a maior parte de sua fatia na petroquímica para a gestora IG4 Capital.

Na terça-feira, fontes disseram à Reuters e a Bloomberg, que a Novonor estaria perto de concluir a transação, com um acordo final podendo ser firmado nos próximos dias.

“A Novonor informa que, até o presente momento, não houve qualquer evolução material ou vinculante nas discussões que vem mantendo com as partes interessadas envolvendo sua participação indireta na Braskem. Qualquer evolução material nas discussões a companhia será imediatamente
comunicada, para que possam adotar as providências de praxe”, disse em comunicado.

A perspectiva de um desfecho para uma negociação que se arrasta há anos animou os investidores: as ações preferenciais da Braskem fecharam em alta 18%, para R$ 7,72, mesmo após a divulgação de resultados fracos no terceiro trimestre — um movimento que lembra o registrado em agosto, na última temporada de balanços.

Fontes ouvidas pelo InvestNews afirmaram que a IG4 ainda não apresentou uma proposta formal, embora esteja caminhando para isso. “Alguma discussão prévia pode acontecer no comitê de investimento da Petrobras, mas isso só vai para deliberação do conselho quando a proposta parar em pé, o que ainda não é o caso”, disse uma pessoa próxima às negociações.

‘Nem atores e nem coadjuvantes’

Durante a conferência com analistas realizada na tarde desta terça-feira, o tema dominou as perguntas aos executivos da Braskem. Roberto Ramos, presidente da Braskem, reforçou que a companhia não participa das negociações entre seus acionistas. “Não somos nem atores coadjuvantes, nós somos espectadores. Talvez espectadores de primeira fila, mas apenas espectadores”, disse.

O CFO, Felipe Jens, acrescentou que as conversas seguem em andamento, mas que ainda não há previsão de fechamento. “As conversas estão sendo aprofundadas e os diagnósticos estão sendo discutidos e aprimorados. Nenhuma possibilidade está nem definida e nem descartada.”

Prejuízo da Braskem

Enquanto o impasse se mantém, a Braskem tenta enfrentar o peso de sua dívida crescente. A companhia reportou prejuízo de R$ 26 milhões no terceiro trimestre e aumento expressivo da alavancagem, que passou de 6,08 vezes o Ebitda no mesmo período de 2024 para 14,76 vezes agora. A dívida líquida ajustada chegou a US$ 7,11 bilhões, alta de 22% em um ano.

Diante desse cenário, a empresa aposta em um plano de reestruturação interna, focado em negociação com fornecedores para ampliar prazos de pagamento e na redução de custos logísticos, de energia e suprimentos — sem recorrer à venda de ativos, segundo o CEO.

“Vender ativo significa trocar fluxo de caixa atual por futuro, e isso só faz sentido se for em condições muito vantajosas”, disse Ramos.

A companhia também lembrou o acordo firmado com o governo de Alagoas para o pagamento de R$ 1,2 bilhão em indenizações relacionadas ao desmoronamento de bairros em Maceió, causado pela extração de sal-gema. O valor será quitado ao longo de dez anos.