Os sistemas de folha de pagamento precisam ser atualizados para pagar semanas de salários atrasados. Filas de concessão de subsídios, pedidos de empréstimos e chamadas de clientes não atendidas durante 43 dias precisarão ser processadas.
Licenças ambientais atrasadas, inspeções de trabalho e atividades de contratação se acumularam em diversas agências federais. O Departamento de Orçamento da Casa Branca instruiu todos os funcionários federais afastados durante a paralisação a retornarem ao trabalho na quinta-feira (13).
Autoridades federais alertam que algumas restrições relacionadas ao shutdown ainda permanecerão. O secretário de Transportes, Sean Duffy, disse que a administração pretende começar a levantar restrições de voos dentro de uma semana após a reabertura, prazo que coincide com a movimentada semana de viagens do feriado de Ação de Graças.
O CEO da Delta Air Lines, Ed Bastian, reforçou a previsão de normalização, afirmando que as viagens de Ação de Graças devem ser “ótimas”.
Embora os funcionários federais recebam o salário retroativo, as agências alertam que pode levar tempo para recalcular os pagamentos. Os salários começarão a ser pagos já no sábado, com a meta de quitar todos os atrasados até 19 de novembro, segundo um funcionário da administração.
Uma lei de 2019 exige que as agências paguem aos funcionários todas as remunerações devidas pelo período de paralisação “na primeira data possível após o fim da interrupção nas verbas, independentemente do cronograma normal de pagamento.”
Após a paralisação de 2019, controladores de tráfego aéreo demoraram cerca de dois a dois meses e meio para receber todos os pagamentos, segundo Nick Daniels, presidente da National Air Traffic Controllers Association.
Duffy prometeu agir mais rapidamente desta vez, garantindo que os controladores receberão 70% do salário atrasado em 24 a 48 horas após a reabertura, e o restante cerca de uma semana depois.
Funcionários afastados não puderam usar férias ou licenças médicas acumuladas, mas continuaram a acumular esse direito. O Office of Personnel Management afirma que o tempo de afastamento conta como “status remunerado”, ou seja, a responsabilidade do governo por licenças não utilizadas aumenta durante uma paralisação.
O Programa de Assistência Nutricional Suplementar (food stamps) retomará os ciclos normais de pagamento após semanas de incerteza que obrigaram os estados a adiar e racionar benefícios.
Ainda assim, o processo não será instantâneo: os estados precisarão de até uma semana para atualizar arquivos de beneficiários e carregar cartões de débito, e com apenas dois fornecedores principais, podem ocorrer gargalos ao tentar repor os benefícios simultaneamente.
Consequências do Shutdown
A duração do “ressaca” da paralisação varia por agência e é difícil de prever. Cada departamento deve manter um plano de contingência detalhando como encerrar e depois retomar operações, mas a maioria não previa lapsos de financiamento tão longos, como os seis semanas deste ano.
De forma semelhante ao shutdown, os funcionários que retornarem passarão as primeiras horas em tarefas internas: reiniciar sistemas de computador, organizar salas de correspondência e reabrir balcões públicos que ficaram inativos por mais de um mês.
A paralisação interrompeu diversas atividades governamentais não essenciais, de coleta de dados rotineira à manutenção predial.
A divulgação de dados econômicos foi cancelada ou atrasada — e, mais importante, nenhuma nova estatística sobre preços e empregos foi coletada, deixando os formuladores de políticas com uma lacuna de informações que pode distorcer previsões por meses.
O National Park Service manteve vários parques abertos, mas sem limpeza ou manutenção diária. A criação de regras em órgãos como EPA e SEC também foi largamente interrompida, atrasando regulações e ações de fiscalização.
Alguns funcionários federais ainda assumiram outra tarefa: contabilizar os custos da própria paralisação, incluindo juros por pagamentos atrasados a contratados, despesas não planejadas de viagens para enviar funcionários para casa no início do shutdown e perda de receitas de taxas e licenças.
Há também o custo para a economia e para famílias americanas. Até agora, estima-se que cada semana de paralisação custou entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões à economia. Embora o pagamento retroativo e a interrupção de gastos federais possam ser revertidos, economistas afirmam que alguns custos desta paralisação histórica nunca serão recuperados.