Os ajustes nas taxas de juros pelos bancos centrais globais, a incerteza em torno das tarifas, as preocupações com os crescentes déficits fiscais e a inclinação acentuada da curva de yields têm impulsionado o volume de comissões para operadores de juros, em particular. No segmento de juros do G10, a receita deverá atingir o maior patamar em cinco anos, de US$ 40 bilhões.
A Coalition Greenwich prevê um ganho semelhante em 2026, quando a receita do setor é esperada para ser apenas 2% menor, atingindo US$ 162 bilhões.
“Os juros dos bancos centrais estão normalizando as taxas de política monetária e seus balanços, mas o que não se normalizou foi o enorme montante de emissões”, disse em entrevista Nikhil Choraria, chefe de negociação de produtos de juros europeus do Goldman Sachs. “A maioria destas condições veio para ficar. Não há razão para que o tipo de níveis de atividade que vimos não possa se repetir em 2026.
Há a expectativa de que operadores macro em mercados emergentes obtenham o maior ganho em pelo menos duas décadas, com US$ 35 bilhões. Operadores de crédito devem faturar US$ 26 bilhões, e os de commodities, US$ 11 bilhões.
No entanto, alguns operadores que esperam bônus exorbitantes correm o risco de se decepcionar, de acordo com Michael Karp, CEO da empresa de recrutamento Options Group.
Haverá um descompasso entre “expectativas e realidade” para operadores de juros, disse Karp. A remuneração total para o FICC [segmento de renda fixa, câmbio e commodities] neste ano provavelmente será de alta de cerca de 3% em média, segundo relatório da empresa, que prevê um aumento de 7% para juros, 5% para mercados emergentes e 4% para câmbio.
“Obviamente, haverá superestrelas que eles terão que pagar, mas não serão 10 superestrelas”, afirmou Karp. “Haverá um ou dois caras em swaps, títulos de dívida e volatilidade, e só.”
Já os pagamentos para operadores de ações devem ser 14% mais altos do que no ano passado, segundo apurou a empresa de Karp. Isso porque é esperado que as mesas de ações registrem o melhor ano em termos de receita em pelo menos duas décadas, após os clientes terem investido em massa em papéis de inteligência artificial nos últimos meses.
O negócio de juros da Nomura Holdings se beneficiou da alta das taxas de juros do Banco do Japão neste ano, mesmo quando o Federal Reserve dos EUA e o Banco Central Europeu cortaram os juros. A maior corretora do Japão agora busca ajudar clientes na Ásia a investir com mais facilidade nos mercados de juros europeus e dos EUA, além de apoiar investimentos em data centers por meio de proteção com derivativos de juros, de acordo com Moritz Westhoff, chefe do negócio de juros dos EUA do banco.
“Com todos os investimentos em infraestrutura e inteligência artificial, quanto disso poderia ser protegido contra variações de juros ao longo do tempo?”, questionou. “Tendem a ser investimentos muito grandes e que precisam ser financiados.”