Morning Call: vendedores prevalecem no Ibovespa, com riscos de todos os lados

Cenário global e bolsa de valores

As ações nas bolsas europeias enfraqueceram após abertura desta terça-feira e operam próximas da estabilidade, mas os papéis de empresas de viagens reagiram bem após dados sinalizarem uma recuperação econômica mais forte do que o esperado na Alemanha. Apesar do pequeno recuo do índice europeu STOXX 600, as ações de viagens e lazer subiam 1,5%, sendo o destaque de alta setorial, seguidas pelas montadoras e mineradoras, que tentam se recuperar após as recentes quedas do minério de ferro e restrições na produção de aço na China. 

Além disso, os investidores estão aguardando o discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio anual de Jackson Hole, na sexta-feira, como sempre, em busca de pistas sobre os planos de redução gradual dos incentivos monetários. O Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha cresceu 1,6% no segundo trimestre, um pouco acima das estimativas de +1,5%.

As bolsas asiáticas fecharam em alta nesta terça-feira, seguindo as bolsas de NY ontem, impulsionados pela aprovação definitiva da vacina da Pfizer. Tóquio: +0,87% aos 27.732,10 pontos; Hong Kong: + 2,46% aos 25.727 pontos; Seul: +1,56% aos 3138,30 pontos; Shangai : + 1,07% aos 3.514,47 pontos. As bolsas europeias abriram em alta mas recuaram um pouco no decorrer da manhã depois de ganhos dos últimos dias. Londres : – 0,16% aos 7.097,32; Madri : + 0,08% aos 8.960,70; Alemanha : + 0,32% aos 15.902,99; Paris : – 0,27% aos 6665,14. NY / Futuros em alta: Dow Jones (+ 0,05 aos 35.299); S&P 500 (+ 0,12% aos 4.480,75); Nasdaq (+ 0,28% aos 15.347,00). Petróleo: Brent para outubro sobe 1,15% (US $ 68,65 / barril) na Ice.

Cenário no Brasil

Apesar de um sentimento mais favorável nos mercados externos nesta terça-feira, o cenário doméstico segue muito cauteloso para ruim, com a situação política e institucional e fiscal no Brasil. Há um desânimo misturado com frustração em relação à agenda de reformas que perde espaço para medidas populistas de olho nas eleições de 2022. Não podemos ser ingênuos, pois nenhum governo (Executivo e Legislativo) faria esforços para aprovar uma reforma de IR impopular tão próximo das eleições.

Ainda ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que está havendo antecipação das eleições presidenciais e que o movimento está afetando as expectativas de mercado. Na agenda do dia, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sabatina o procurador-geral da República, Augusto Aras, para mais um mandato de dois anos no cargo. Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participam de evento promovido pela XP Investimentos.

Ibovespa

O Ibovespa fechou em queda na segunda-feira, em meio a preocupações acerca da situação político-institucional no Brasil, que prevaleceram sobre o viés positivo do exterior, puxado pela recuperação do petróleo. O volume consistente de negócios, em um pregão de queda, demonstra força do lado vendedor, em um contexto de riscos por toda a parte (fiscal, político e econômico). Além disso, o cenário de juros mais alto faz preço do setor de varejo, que caiu em bloco ontem. O IBOV cedeu 0,49%, a 117.471,67 pontos, com volume financeiro de R$ 30,8 bilhões.

O IBOV começa a ameaçar a sua tendência de alta no longo prazo ao cruzar abaixo da média móvel de 200 períodos, porém um movimento de queda no curto prazo foi consolidado, após encontrar grandes dificuldades de seguir acima dos 130 mil pontos, em seguida romper abaixo dos 124 mil, 120 mil pontos e por último os 117 mil pontos, além disso segue se consolidando abaixo da média móvel curta (21 períodos).