Desde o ano passado, uma segunda “invasão chinesa” está acontecendo – só que agora é para valer. Com carros modernos e bem construídos, elas estão atraindo as atenções do consumidor e incomodando as fabricantes mais tradicionais com uma política bastante atraente de preços.

É o caso da BYD, que aportou por aqui de forma relativamente discreta em 2022. Tudo mudou neste ano: além de ampliar sua gama de produtos, a gigante que desbancou a Tesla das vendas mundiais de carros elétricos anunciou a produção de veículos no Brasil. Com aporte de R$ 4 bilhões, a BYD fabricará veículos elétricos e híbridos em Camaçari (BA), possivelmente no mesmo local onde a Ford produzia carros até 2021.
BYD Dolphin: mais moderno e mais barato do que Kwid elétrico
Um forte candidato à nacionalização é o Dolphin. O simpático hatch tem porte de Honda Fit e espaço interno digno de um sedã médio como o Toyota Corolla. Pode rodar até 291 km segundo o padrão de medição do Inmetro e traz itens tecnológicos, como uma central multimídia com tela que pode ser disposta na vertical ou horizontal e até karaokê a bordo. Só que nenhum desses atributos é mais atraente do que o preço de R$ 149.900.
Por esse valor, ele estreou custando menos do que o Renault Kwid E-Tech, dono de um projeto visivelmente mais simples e com uma lista de itens de série claramente inferior a do Dolphin.
A montadora francesa precisou tomar uma decisão rápida e baixou o preço do modelo para igualá-lo ao representante da BYD. E ela não foi a única: Caoa Chery e a também chinesa JAC Motors reduziram os valores de iCar e E-JS1, respectivamente. Nada como um lançamento de peso para agitar o mercado…
GWM lidera vendas de carros híbridos com Haval H6
Quem provocou efeito semelhante foi a GWM. Estabelecida no Brasil em 2022, a empresa adquiriu a antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis, onde promete fabricar carros a partir de 2024. Enquanto isso não acontece, a fabricante que atende pela pouco divulgada alcunha de Great Wall Motors já vende o Haval H6, um utilitário esportivo de luxo disponível em duas carrocerias (SUV e SUV cupê) e com dois tipos de propulsão: híbrida plug-in (que permite a recarga das baterias, inclusive em uma tomada convencional) e elétrica.
Com preços partindo de R$ 214 mil, o H6 está causando bastante dor de cabeça à concorrência. Foi o carro eletrificado mais vendido do país nos meses de maio e junho, superando o até então líder Toyota Corolla Cross, cuja propulsão híbrida é oferecida apenas em duas das quatro versões da gama.
Somando as vendas de todas as versões, a linha H6 teve 969 unidades emplacadas em junho, pouco mais do que os 960 exemplares vendidos no mês anterior. No mês passado, o H6 superou híbridos como Toyota Corolla Cross Hybrid (890 unidades), Toyota Corolla Hybrid (626), Caoa Chery Tiggo 5X (525) e Volvo XC60 (392).
A Jeep também sentiu a chegada da GWM e aplicou um generoso desconto de R$ 52.310 no Compass 4xe, que está anunciado por R$ 294.990 – o preço de tabela era de R$ 347.300. Apesar disso, o SUV híbrido da Stellantis continua saindo mais caro do que o H6 PHEV, que custa R$ 269 mil.
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