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Claudia Kodja

O alto custo econômico do preconceito e da discriminação

Confira os valores e a riqueza gerados pela equidade.

Se pelo caminho moral e justo, ainda possa haver alguma resistência sobre o quão pernicioso é o exercício do preconceito e da discriminação, os números não permitem qualquer dúvida sobre o quão estúpida é a sua sustentação.

Vamos primeiro diferenciar os termos, preconceito, discriminação e racismo.

Preconceito refere-se a um pré-julgamento, originado fora da experiência pessoal ou real. São generalizações simplificadas baseadas em diferenças raça, etnia, idade, sexo, orientação sexual ou outra característica qualquer.

Embora o preconceito não encontre respaldo e comprovação em nenhuma experiência externa, ele não é instintivo. O preconceito é frequentemente, ensinado e aprendido.

A discriminação é um paço adiante do preconceito ou um risco sequencial. Enquanto o preconceito se refere ao pensamento e convicções, a discriminação consiste em ações contra um grupo de pessoas, baseado em características comuns.

A discriminação pode ser exercida individualmente, através do assédio, humilhação, intimidação e violência, ou com o respaldo institucional, quando um sistema social se desenvolve com a privação de direitos de um grupo, baseado em preconceitos.

A intolerância ou o ódio expressos pelo preconceito e a discriminação são normalmente direcionados a um determinado grupo, que compartilha um traço de identidade comum, como raça, etnia, idioma, religião, nacionalidade, orientação sexual, deficiência, gênero ou quaisquer outros traços de identidade.

O mapa do ódio

Confira os últimos dados obtidos sobre o volume e a destinação dos crimes de ódio na Europa, Estados Unidos e Brasil. As datas de atualização e as classificações variam conforme a região e  fonte.

O crime de ódio é definido como “qualquer ofensa criminal percebida pela vítima ou qualquer outra pessoa, como motivada por hostilidade ou preconceito com base na raça de uma pessoa ou raça percebida; religião ou religião percebida; orientação sexual ou orientação sexual percebida; deficiência ou deficiência percebida e qualquer crime motivado por hostilidade ou preconceito contra uma pessoa que é transgênero ou percebida como transgênero.”

O Brasil não dispõe sobre crime de ódio, as punições estão restritas na lei da discriminação racial e em alguns pontos inseridos na legislação penal, como, por exemplo, o feminicídio. 

Estados Unidos 2021
Total de 7.287 ocorrências de crimes de ódio

Fonte: FBI’s Uniform Crime Reporting

Europa 2020
Total de 7.203 ocorrências de crimes de ódio

Fonte: ODIHR – Office for Democratic Institutions and Human Rights

Brasil 2019
Total de 10.840 ocorrências de crimes de ódio

Fonte: Words Heal the World

Lacuna ampla e persistente na riqueza entre famílias pretas e brancas nos EUA

Fonte: McKinsey Institute for Black Economic Mobility

O estudo estima que a lacuna econômica, sobre o consumo e o investimento, entre pretos e brancos custará à economia dos EUA, entre US$ 1 trilhão e US$ 1,5 trilhão, no período de 2019 a 2028 — 4 a 6% do PIB projetado para 2028.

A análise realizada pelo Citigroup – Citi GPS: Global Perspectives & Solutions 2020 -mostrou que se as 4 Lacunas Raciais impostas aos pretos nos últimos 20 anos – salários, educação, moradia e investimento – tivessem sido fechadas, US$ 16 trilhões poderiam ter sido adicionados a economia dos Estados Unidos.

O custo das diferenças raciais entre pretos e brancos para a economia dos Estados Unidos nos últimos 20 anos

Fonte: Citi GPS: Global Perspectives & Solutions – September 2020

Se essas diferenças raciais entre pretos e brancos fossem eliminadas, cerca de $5 trilhões seriam adicionados ao PIB norte-americano, nos próximos 5 anos. Um acréscimo anual médio de 0,35 ponto percentual ao PIB dos EUA e de 0,09 ponto percentual ao PIB global.

Não existem estudos que relacionem os custos do racismo, para economia brasileira. Mas, não é difícil ou incorreto imaginar que, boa parte do precário desenvolvimento econômico brasileiro, se deve ao contínuo processo de exclusão de mais de 50% da população brasileira, formada por afrodescendentes totais ou parciais.

Como dito ao início deste artigo, se não for pelo moral e justo, os números não permitem qualquer dúvida sobre o quão estúpida é a sua sustentação de qualquer tipo de privação de direitos de um grupo, baseado em preconceitos.

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