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Coluna do Samy

A ‘Grande Renúncia’: o que esperar do mercado de trabalho pós-pandemia?

A covid-19 fez muitas pessoas a repensarem suas prioridades e aspirações profissionais, mas o questionamento é: quanto tempo isso deve durar?

Anúncio de vaga de trabalho em Somerville, EUA 01/09/2022. REUTERS/Brian Snyder

Após a pandemia, um fenômeno conhecido como “Great Resignation”, ou Grande Renúncia, chamou a atenção, principalmente, no mercado de trabalho dos Estados Unidos. Esse termo refere-se ao aumento significativo de profissionais que optaram por deixar seus empregos em busca de novas oportunidades ou uma mudança de estilo de vida. A Grande Renúncia foi observada em diversos setores e países, e levanta questionamentos sobre o papel e o futuro do trabalho.

Uma das principais razões para a Grande Renúncia é atribuída ao impacto do isolamento social durante a pandemia e às incertezas econômicas causadas pela covid-19. Esses fatores levaram muitas pessoas a repensar suas prioridades e aspirações profissionais. Muitos profissionais perceberam a importância de equilibrar o trabalho com a qualidade de vida, buscando opções que oferecessem maior bem-estar e satisfação pessoal.

As transformações aceleradas pela digitalização e automação também influenciaram nesse cenário. Com o avanço da tecnologia, surgiram novas oportunidades de trabalho remoto, empreendedorismo e autogerenciamento de carreira. Essa mudança de paradigma permitiu que os profissionais buscassem mais flexibilidade e autonomia, optando por formas de trabalho que estivessem alinhadas com seus valores e objetivos individuais.

Em 2021, de acordo com o BLS, 47,7 milhões de pessoas deixaram seus empregos voluntariamente, registrando o maior número desde o início da coleta de estatísticas em 2001. Até o final de 2022, esse número aumentou para 50,5 milhões. Parece que os Estados Unidos estão superando essa tendência, uma vez que as taxas de “demissões a pedido” diminuíram drasticamente e agora estão praticamente no mesmo nível (apenas 0,1% acima) da taxa pré-pandemia de fevereiro de 2020. No entanto, ainda é possível encontrar inúmeras placas de “contrata-se” nas vitrines dos shoppings.

O legado da Grande Renúncia para os trabalhadores foi o aumento não apenas dos salários, mas também dos benefícios. Segundo Nick Bunker, diretor de pesquisa econômica do site de empregos Indeed, os salários tiveram um crescimento significativo em 2021, atingindo o pico em agosto de 2022. Vale dizer que isso gerou inflação uma vez que o aumento não foi acompanhado pela produtividade. No entanto, de acordo com os dados mais recentes do Federal Reserve Bank of Atlanta, o crescimento salarial ainda permanece alto, com um aumento de 6% em termos anualizados em maio de 2023, em comparação com maio de 2022.

Mal foi estabilizada a Grande Renúncia e já se fala em um fenômeno substituto conhecido como “Quiet Quitting”, ou Demissão Silenciosa. Esse fenômeno se caracteriza pela tendência dos trabalhadores de fazerem apenas o mínimo necessário para não serem demitidos. A retenção e motivação no mercado de trabalho sempre foram desafios, mas agora eles se tornam ainda mais complexos.

À medida que as pessoas buscam maior realização e equilíbrio entre vida profissional e pessoal, salários e benefícios já não são suficientes. É necessário discutir qualidade de vida e flexibilidade. Sem esses aspectos, o mercado de trabalho como um todo está destinado à mediocridade (sem contar à baixa produtividade), enquanto enfrenta o fenômeno da Demissão Silenciosa.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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