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Como se proteger do sobe e desce do dólar?
Confira opções de investimentos relacionadas à moeda estrangeira.
A cotação do dólar é assunto frequente no noticiário: ora porque subiu muito, ora porque a moeda americana se desvalorizou outro tanto. Esse vaivém — que no mercado financeiro é conhecido por volatilidade — pode fazer os investidores se perguntarem se é possível proteger os investimentos de tanta variação ou se até mesmo daria para aproveitar a “oportunidade” para alavancar a rentabilidade dos seus investimentos.
Neste momento, por exemplo, o dólar tem subido em relação ao real e a outras moedas no mundo. Essa tendência de alta se deve, em grande medida, a um cenário econômico global mais desafiador e questões geopolíticas que resultam em uma busca por moedas fortes.
Neste cenário, os investidores podem se valer de alguns produtos disponíveis no mercado para lucrar com o avanço da moeda americana ou até mesmo como uma forma de proteção para os seus investimentos.
Costumo dizer que o dólar, a depender do cenário, pode funcionar como um “airbag” de um carro esportivo: não adianta ter um supercarro sem os itens adequados de proteção. No mundo dos investimentos não pode ser diferente: quando o investidor estiver construindo uma carteira, ele deve considerar exposição a diferentes ativos com o intuito de diversificar e trazer proteção em cenários de volatilidade.
Uma pergunta muito comum é sobre quais são os investimentos com exposição ao dólar que podem ajudar o investidor pessoa física a aproveitar os movimentos da moeda americana. Foi pensando nessa dúvida que compartilho alguns produtos disponíveis no mercado que dão ao investidor exposição ao dólar, mas reforço a importância de se observar o perfil de cada investidor, o apetite ao risco e o prazo dos investimentos.
Outro aspecto bacana é que para a maior parte dos produtos não é preciso grandes quantias para começar a investir.
Ações de exportadoras listadas na B3
As ações das empresas brasileiras que têm maior parte da receita com exportações podem ser uma boa alternativa para o investidor que quer aproveitar a alta do dólar. Quando a moeda americana sobe, entra mais dinheiro — em reais — no caixa dessas empresas. Isso permite que elas tenham mais recursos para investir, inovar, melhorar as operações, exportar mais, lucrar mais e distribuir dividendos — o que beneficia as boas perspectivas para o negócio e os preços das ações na bolsa.
Em geral, são grandes companhias dos setores de mineração, siderurgia, papel e celulose, têxtil e de alimentos com larga negociação na bolsa
Vale destacar aqui que a exposição cambial não chega a ser direta pois o valor das ações destas companhias não depende apenas do dólar, mas sim do cenário econômico e das características inerentes da empresa exportadora.
BDRs
Os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) são recibos de ações de empresas estrangeiras negociados diretamente na B3. Na prática, eles “representam”, na bolsa brasileira, as ações dessas companhias, que originalmente estão listadas em bolsas no exterior.
Para quem está interessado em ganhar com a alta do dólar, os BDRs podem ser uma opção porque a maior parte das companhias tem receitas em dólares — as que não têm faturam em euros, libras ou outras moedas fortes. Assim, quando a moeda americana sobe, o investidor tende a ganhar com a valorização dos BDRs.
Na B3, estão listados BDRs de cerca de 850 companhias estrangeiras. Há ainda a possibilidade de investir via fundos, com as gestoras disponibilizando produtos que compram BDRs.
O Hub de Educação Financeira da B3 possui trilhas completas sobre este produto, não deixe de verificar.
ETFs
Os ETFs são fundos de investimentos negociados em bolsa que replicam o desempenho de um índice de referência. Quando você compra um ETF, está comprando uma carteira diversificada.
O investidor brasileiro hoje já tem fácil acesso aos ETFs que replicam carteiras com ativos estrangeiros. Importante lembrar que os ETFs têm carteiras já prontas, o que facilita a escolha pelo investidor. Fora que as cotas podem ser vendidas na bolsa, como se fossem ações.
Na B3, o investidor já encontra várias opções de ETFs americanos e de BDRs de ETFs. E cada dia mais produtos desse tipo têm sido lançados na bolsa brasileira, o que aumenta as possibilidades de investimento. No portal educacional etf.com.vc o investidor encontra um conteúdo educacional bem completo sobre o produto.
Minicontratos de dólar futuro
Esses instrumentos de investimento em dólar, apesar de estarem disponíveis também para pessoas físicas, exigem um conhecimento mais aprofundado — fazem parte do segmento de derivativos. Eles são mais indicados, portanto, para quem está mais habituado aos conceitos do mercado e tem maior tolerância a risco, de acordo com o perfil definido no suitability de cada investidor.
O mini dólar permite que o investidor monte estratégias para proteger seus investimentos ou tentar lucrar com as expectativas para o mercado de câmbio. Para operar com os minicontratos de dólar futuro na B3 o investidor precisa depositar garantias na bolsa. No hub de educação da B3 já há conteúdos sobre o produto, o funcionamento do mercado futuro e os riscos envolvidos.
Além do mini de dólar, a B3 disponibiliza outras 16 moedas estrangeiras para negociação, por exemplo, o minicontrato futuro de euro.
Fundos cambiais
Esta categoria de investimentos também pode ser uma opção para captar os movimentos da moeda americana. Apesar de ainda não haver negociação em bolsa, o acesso pode ser feito por corretoras ou bancos.
Esses fundos de investimento têm pelo menos 80% da carteira aplicada em ativos em moeda estrangeira. A alocação de recursos pode ser diretamente na moeda americana, mas também em outras moedas além do dólar — euro, por exemplo — ou até em uma cesta de moedas.
No caso dos investidores pessoas físicas, os fundos cambiais são geralmente usados para proteger parte de seus investimentos. Tendo uma carteira de investimentos em reais e dólares, por exemplo, permitirá que eventuais prejuízos possam ser amenizados já que uma das moedas pode estar se valorizando enquanto a outra perde valor.
Os fundos cambiais podem ser usados também para quem está planejando uma viagem ao exterior. Como a carteira varia de acordo com as moedas estrangeiras, o fundo consegue preservar o poder de compra desse investidor no exterior. Tomando o exemplo de um fundo cambial em dólar: se a moeda americana sobe, o fundo ganha mais; se a moeda cai, a rentabilidade acompanha.
O que vale mais é diversificar
Por fim, vale ressaltar que o “sobe e desce” faz parte da essência do mercado de câmbio. Por isso, é fundamental que o investidor saiba da importância da diversificação, para proteger seu patrimônio, dar mais estabilidade e retorno à sua carteira. Se um dos investimentos tiver um resultado ruim, pode ser compensado por outro.
Agora que você já tem uma base sobre o assunto, fique atento ao cenário, entenda como a alta do dólar pode afetar seu bolso, avalie os produtos disponíveis e qual mais adequado ao seu perfil.
*Thalita Forne é gerente de Produtos de Moedas da B3. |
As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação.
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