Colunistas

Por que é difícil investir em IPOs?

Existem riscos peculiares que devem ser analisados antes de participar de uma oferta inicial de ações.

Publicado

em

Tempo médio de leitura: 4 min

Os últimos meses têm sido marcados pelo aumento do número de IPOs no Brasil e no mundo. Muitas empresas veem no mercado acionário uma forma de alavancar suas operações. Mas cuidado: existem riscos peculiares que devem ser analisados antes de investir em um IPO.

Em 2020, mais de US$ 100 bilhões foram captados por quase 500 empresas fazendo IPOs nos Estados Unidos. A demanda vinha sendo tão alta que, em alguns deles, vimos o preço das ações dobrar no primeiro dia – como no caso da Airbnb.

A crise do covid-19 fez com que algumas ofertas fossem suspendidas temporariamente, mas devem voltar nos próximos meses. Segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a autarquia federal responsável por regular e fiscalizar o mercado de capitais do país, existe uma fila de quase 40 companhias aguardando para realização de IPO.

O investidor deve observar dois pontos principais antes de investir em uma oferta pública inicial de ações. Primeiro, o porquê do controlador desejar vender uma parcela do equity da empresa, e segundo, qual será a finalidade do dinheiro captado.

As empresas, de maneira geral, utilizam o mercado de capitais como forma de captar dinheiro a um custo barato para expandir o seu negócio, fazer aquisições ou diminuir empréstimos bancários. Essa é a chamada oferta pública primária, onde o dinheiro captado vai para o caixa da empresa.

Por outro lado, existe a oferta pública secundária, onde os próprios acionistas da empresa vendem suas ações a novos investidores, recebendo o dinheiro auferido no processo.  Dessa maneira, uma importante questão é: se a empresa é tão boa quanto eles falam, por que os controladores estão vendendo?

Em geral, o IPO é planejado para alcançar os melhores resultados para quem vende as ações – seja o controlador na oferta secundária, ou a própria empresa, na oferta primária.

Isso representa um verdadeiro perigo, em virtude da assimetria de informação existente. Normalmente os controladores detém informações da empresa e do setor que muitas vezes não chegam ao conhecimento dos pequenos investidores.

Lembre-se que os controladores são os responsáveis por todo o desenvolvimento da empresa, participando da sua criação e expansão. Portanto, entender o motivo pelo qual eles estão vendendo suas ações é crucial.

Assim, como as empresas normalmente realizam os IPOs em momentos de forte crescimento, onde os lucros estão se expandindo, alguns investidores acabam acreditando que os lucros se expandirão por muito tempo, adquirindo participações acionárias na empresa – enquanto os controladores as estão vendendo.   

Podemos perceber, portanto, que uma importante questão que deve ser analisada pelos investidores é porque o controlador está vendendo uma fatia do seu negócio – mesmo afirmando que a empresa apresentará uma vultuosa expansão nos próximos anos.

Em regra, boas oportunidades surgem quando a empresa busca captar dinheiro por meio do IPO para alavancar o seu negócio, crescer a base de clientes e desenvolver novos produtos. Por outro lado, oportunidades ruins acontecem quando o dinheiro captado não vai para o negócio da empresa, mas somente para o bolso dos controladores.

*A Suno é uma casa de análise especializada em conteúdo sobre investimentos e educação financeira para o pequeno investidor pessoa física.

LEIA MAIS:

Mais Vistos