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Um bom CEO ou um grande sortudo? Veja o que diz estudo
Preço do petróleo, PIB e desemprego influenciam na gestão de uma empresa.
Em termos de mercado, os CEOs são como técnicos de futebol. Se o time (empresa) é campeão (vai bem nos negócios), tendem a se destacar e podem acabar convidados para comandar outra empresa (equipe). Nos dois casos, quanto mais vitoriosa sua última passagem, maiores os salários e bônus que conseguem negociar no novo emprego.
Mas, às vezes, tudo não passou de sorte. Foi um período em que o petróleo não subiu, mantendo a inflação sob controle, e o crescimento da economia teve forte impulso. Para completar, a taxa de desemprego estava em um ponto mais baixo e, com mais pessoas recebendo salário, mais dinheiro circulava na economia. E os balanços da empresa, favorecidos, são naturalmente positivos.
Ou pode acontecer o contrário, com petróleo em alta, assim como a inflação, e a economia crescendo menos, além do desemprego em alta. O cenário do Brasil durante o último ciclo de alta dos juros e no qual Estados Unidos e Europa parecem estar entrando agora. Neste caso, o desempenho da empresa é menos exuberante, com ventos contrários e menos destaque para o CEO “azarado”.
Mas o quanto há de sorte (ou azar) e quanto há de competência nos dois casos? E o que acontece depois? Um estudo conjunto de duas universidades europeias, Bocconi (Milão, Itália) e Técnica de Munique (Alemanha) traz a resposta.
A dupla de economistas e professores Mario Daniele Amore (Bocconi) e Sebastian Schwenen (Munique), vasculhou as carreiras de 4.210 novos executivos-chefe em 1.500 empresas listadas no S&P 500 ao longo de 26 anos, entre 1992 e 2018. Em seguida, usando o Linkedin, a Wikipedia e outras fontes, verificou o que tinha acontecido com suas carreiras depois da experiência como CEO.
Do total, 119 haviam sido contratados como CEOs ou em outra função executiva em outra empresa do S&P 500. O próximo passo foi verificar se podiam ser chamados de sortudos ou de azarados. O trabalho define como uma maré de sorte ter a favor fatores como o preço do petróleo baixo, os números do Produto Interno Bruto (PIB) positivo e um desemprego baixo. Com estes critérios, examinou a gestão de cada um deles.
Os autores descobriram que uma maré de sorte aumenta em 15% a possibilidade de que o CEO receba uma proposta de emprego de outra empresa, garantindo poder de negociação para obter salários mais altos, bonificações e planos de remuneração baseados em ações. O que é esperado. Mas a troca não costuma ser tão boa para as empresas onde vão trabalhar.
Com um CEO saído de uma fase de sorte em outra empresa, o lucro delas caiu em média 1,4% após a contratação. Já as empresas que preferiram um novo CEO menos sortudo não tiveram do que reclamar, com aumento do lucro entre 1% e 5%.
Para o estudo, alguns fatores explicam. É normal que o CEO leve para a nova empresa o método de gestão ou auxiliares que deram certo na empresa anterior. Mas também é normal que a contratação seja para uma empresa de um ramo diferente, o que nem sempre dá certo. Uma estratégia do varejo pode não funcionar tão bem em uma indústria ou uma empresa agrícola, com efeito nos resultados.
A sorte não existe, dizia o grande Winston Churchill. O que chamamos de sorte, na visão do lendário comandante do Reino Unido que combateu o nazismo na Segunda Guerra, é a atenção que é dada aos detalhes. O estudo, publicado no final de 2022 no The Journal of Law, Economics, and Organization, comprova a máxima, apontando que ter sorte pode ser bom para a carreira de um CEO. Mas nem sempre para a empresa que o contratou.
As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação.
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