O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (11) acelerar o ritmo e subir a taxa básica de juros no país em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano. Essa foi a terceira alta seguida da Selic e surpreende a maior parte dos especialistas, que apontavam para uma alta de 0,75 ponto.
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Na decisão, que foi unânime, o comitê ainda indica que se o cenário continuar adverso, deve manter o ritmo de alta de juros por pelo menos mais duas reuniões. “Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, diz o texto.
Caso as duas altas sugeridas se confirmem, a Selic alcançará 14,25%, maior patamar desde outubro de 2016. Lembrando que essa foi a última reunião sob comando de Roberto Campos Neto. A partir de 2025 o novo presidente do Banco Central será Gabriel Galípolo.
Esse é o maior aumento de juros realizado pelo Copom desde maio de 2022, quando houve uma elevação também de 1 ponto percentual, para 13,25%. Além disso, neste novo valor, a Selic atinge seu maior nível desde dezembro do ano passado, quando estava em 12,25% ao ano.
Antes dessa reunião, o clima já era de maior preocupação no mercado, com especialistas citando que o aumento dos juros feito até agora não está tendo o efeito esperado: a inflação continua alta e, pior, as expectativas estão cada vez mais negativas. É o que os especialistas chamam de perda de eficácia da política monetária. Nesse tipo de situação, para conseguir o mesmo resultado, a dose de juro precisa ser muito maior.
E esse cenário de inflação fora de controle é citado pelo próprio Copom na decisão de hoje: “As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se de forma relevante e encontram-se em torno de 4,8% e 4,6%, respectivamente”. E a conclusão do comitê é que “em função da materialização de riscos, o cenário se mostra menos incerto e mais adverso do que na reunião anterior.”
O Banco Central cita ainda o recente pacote fiscal, que afetou de forma relevante os preços dos ativos e as expectativas do mercado, principalmente em relação ao prêmio de risco, inflação e câmbio, o que impacta para o cenário mais adverso atual.
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