O Banco Mundial elevou nesta quinta-feira (26) sua previsão para o crescimento econômico da China em 2024 e 2025, mas alertou que a confiança moderada das famílias e das empresas, juntamente com os problemas no setor imobiliário, continuarão a pesar no próximo ano.
A segunda maior economia do mundo enfrentou dificuldades este ano, principalmente devido a uma crise imobiliária e à fraqueza da demanda interna. Um aumento esperado nas tarifas dos Estados Unidos sobre seus produtos quando o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, assumir o cargo em janeiro também poderá afetar o crescimento.
“Enfrentar os desafios no setor imobiliário, fortalecer as redes de segurança social e melhorar as finanças do governo local será essencial para desbloquear uma recuperação sustentada”, disse Mara Warwick, diretora do Banco Mundial para a China.
“É importante equilibrar o apoio de curto prazo ao crescimento com reformas estruturais de longo prazo”, acrescentou ela em um comunicado.
Graças ao efeito do recente afrouxamento da política monetária e à força das exportações a curto prazo, o Banco Mundial considera que o crescimento do Produto Interno Bruto da China será de 4,9% este ano, acima de sua previsão de junho, de 4,8%.
Pequim estabeleceu uma meta de crescimento de “cerca de 5%” este ano, uma meta que diz estar confiante em alcançar.
Embora a expectativa seja de que o crescimento para 2025 caia para 4,5%, esse valor ainda é maior do que a previsão anterior do Banco Mundial de 4,1%.
O crescimento mais lento da renda familiar e o efeito negativo dos preços mais baixos dos imóveis residenciais devem pesar sobre o consumo em 2025, acrescentou o Banco Mundial.
Para reavivar o crescimento, as autoridades chinesas concordaram em emitir um recorde de 3 trilhões de iuanes (US$ 411 bilhões) em títulos especiais do Tesouro no próximo ano, informou a Reuters esta semana.
Os números não serão divulgados oficialmente até a reunião anual do Parlamento da China, o Congresso Nacional do Povo, em março de 2025, e ainda podem mudar antes disso.
Embora o órgão regulador do setor habitacional continue com seus esforços para conter novas quedas no mercado imobiliário chinês no próximo ano, o Banco Mundial disse que uma reviravolta no setor não está prevista até o final de 2025.
China revisa PIB
A China revisou para cima nesta quinta-feira o tamanho de sua economia em 2,7%, mas disse que a mudança terá pouco impacto sobre o crescimento deste ano já que as autoridades prometeram mais estímulos para 2025.
As medidas de suporte deste ano colocaram a segunda maior economia do mundo no caminho de atingir a meta de crescimento de “cerca de 5%” uma vez que a atividade aqueceu ligeiramente, mas desafios como os possíveis aumentos de tarifas dos Estados Unidos ainda pesam sobre as perspectivas para o próximo ano.
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 foi elevado em 3,4 trilhões de iuanes, para 129,4 trilhões (US$ 17,73 trilhões), disse Kang Yi, chefe do Escritório Nacional de Estatísticas, em uma coletiva de imprensa ao divulgar o quinto censo econômico nacional.
Ele não explicou os motivos da revisão de 2023, mas disse que o escritório fornecerá mais detalhes em seu site dentro de alguns dias.
A economia da China “resistiu ao teste de vários riscos internos e externos nos últimos cinco anos e manteve uma tendência geralmente estável enquanto progredia”, disse Kang.
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