O Banco da Inglaterra elevou a taxas de juros em 0,5 ponto percentual nesta quinta-feira (22), mais do que o esperado, depois de dizer que havia notícias “significativas” sugerindo que a inflação britânica levará mais tempo para cair.
O Comitê de Política Monetária do banco central votou por 7 a 2 para aumentar sua principal taxa de juros de 4,5% para 5%, a mais alta desde 2008 e o maior aumento desde fevereiro, diante de uma inflação mais persistente e aumento salarial desde que as autoridades se reuniram em maio.
“Houve notícias significativas de alta em dados recentes que indicam mais persistência no processo de inflação”, disse o comitê.
“Efeitos de segunda ordem na evolução dos preços domésticos e salários gerados por choques de custos externos provavelmente levarão mais tempo para se dissipar”, acrescentou.
Economistas consultados pela Reuters esperavam um movimento para 4,75%, embora os mercados financeiros vissem nesta quinta-feira uma chance de quase 50% de um aumento para 5%, após dados de inflação acima do esperado divulgados na quarta-feira.
As autoridades do Banco da Inglaterra deram poucas indicações de que um aumento de 0,5 ponto estava sendo considerado antes do anúncio desta quinta-feira.
Os membros Silvana Tenreyro e Swati Dhingra se opuseram à decisão, dizendo que grande parte do impacto do aperto monetário passado ainda não foi sentido, e que indicadores antecedentes apontam para quedas acentuadas na inflação e crescimento salarial à frente.
O presidente da autoridade monetária, Andrew Bailey, em uma carta regular ao ministro das Finanças britânico, Jeremy Hunt, reiterou a maior parte da declaração do comitê.
“O Comitê fará o que for necessário para devolver a inflação à meta de 2% de forma sustentável no médio prazo”, afirmou.
As expectativas de aperto pelo BC britânico aumentaram nos últimos dias – elevando acentuadamente o custo de novas hipotecas – e antes da decisão desta quinta-feira os mercados financeiros esperavam que a taxa atingiria um pico de 6% até o final do ano. Por outro lado, economistas consultados pela Reuters na semana passada viam um pico de 5%.
A economia do Reino Unido – que foi atingida pelo choque do Brexit, bem como pela pandemia do Covid-19 e pelo aumento nos preços do gás causado pela invasão russa da Ucrânia – evitou uma recessão amplamente esperada até agora em 2023.
No entanto, ao contrário da maioria das outras grandes economias ricas, a produção mal se recuperou para os níveis pré-pandemia e o crescimento este ano deve ser de apenas 0,25%, de acordo com as previsões do banco central no mês passado.
O aumento dos juros pelo Banco da Inglaterra segue a decisão do Banco Central Europeu na semana passada de aumentar as taxas em 0,25 ponto, para 3,5%, além de aumentos pelos bancos centrais sueco e norueguês nesta quinta-feira.
O Banco da Inglaterra manteve sua orientação anterior sobre a política monetária futura, que afirmava que, se houver evidências de pressões mais persistentes, será necessário um maior aperto na política monetária.
Dados oficiais divulgados na quarta-feira mostraram que a inflação ao consumidor permaneceu em 8,7% em maio e que a inflação subjacente subiu para o nível mais alto desde 1992.
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