Economia
Ata do Copom: BC considerou acelerar alta de juros na semana passada
Autarquia entendeu que seria mais adequado manter o ritmo de aperto, diz ata da reunião divulgada nesta terça-feira.
O Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou a possibilidade de acelerar a alta dos juros em sua reunião da semana passada, mas entendeu que seria mais adequado manter o ritmo de aperto de 0,75 ponto percentual, mostrou a ata da reunião divulgada nesta terça-feira.
O colegiado avaliou que essa estratégia teria a vantagem de dar mais tempo para o Copom acumular informações sobre a evolução dos preços mais inerciais, em meio à recuperação do setor de serviços, e também do comportamento das expectativas de inflação.
O Copom levou a taxa Selic a 4,25% e voltou a indicar que deve promover novo aumento de 0,75 ponto porcentual da Selic em agosto.
“Para a próxima reunião, o Comitê antevê a continuação do processo de normalização monetária com outro ajuste da mesma magnitude (0,75ponto)”, registrou a ata. “Contudo, uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte relevante pode exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários. O Comitê ressalta que essa avaliação também dependerá da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e de como esses fatores afetam as projeções de inflação.”
Projeção para o IPCA
A ata do Copom indicou que a projeção para o IPCA de 2021 no cenário básico está em 5,8%. Este cenário pressupõe a taxa de juros variando conforme a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 5,05 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Já a projeção para 2022 está em 3,5%.
Essas estimativas já constaram no comunicado da semana passada, quando o Copom aumentou a Selic (a taxa básica de juros) em 0,75 ponto porcentual, para 4,25% ao ano. Foi a terceira elevação consecutiva. Na ocasião, o BC também indicou a intenção de novo aumento da Selic no encontro de 3 e 4 de agosto.
Para o cálculo das projeções, o BC utilizou taxa de câmbio partindo de R$ 5,05, que é a média da taxa de câmbio observada nos cinco dias úteis encerrados no dia 11 de junho.
Na ata da reunião anterior, de 4 e 5 de maio, as projeções de inflação no cenário básico (juros Focus e câmbio PPC) eram de 5,1% para 2021 e 3,4% para 2022.
Incertezas no cenário externo
O Copom avaliou que as incertezas seguem elevadas no mercado internacional e que os dados mais recentes sobre o comportamento dos preços têm surpreendido.
“O Comitê avaliou que os estímulos fiscais e monetários estão promovendo crescimento econômico robusto e que as últimas divulgações de inflação surpreenderam em vários países, tanto desenvolvidos quanto emergentes”, pontuaram os membros do Copom.
Para eles, novas discussões sobre o risco de um aumento duradouro da inflação nos Estados Unidos podem tornar o ambiente para as economias emergentes “desafiador”. O Copom notou, no entanto, que a inflação de bens comercializáveis no Brasil foi superior à observada em vários de seus pares e que esse processo pode se inverter no futuro, criando um novo risco baixista para a inflação. “O recente aumento do peso de itens comercializáveis no índice de inflação aumentaria a relevância desse evento”, frisou o texto.
Ainda sobre o cenário externo, o Copom observou que estímulos fiscais e monetários em alguns países desenvolvidos promovem uma recuperação robusta da atividade econômica. “Devido à presença de ociosidade, a comunicação dos principais bancos centrais sugere que os estímulos monetários terão longa duração”, trouxe a ata. Contudo, o documento salienta que a incerteza segue elevada e uma nova rodada de questionamentos dos mercados a respeito dos riscos inflacionários nessas economias pode tornar o ambiente desafiador para países emergentes.
Pandemia produz efeitos heterogêneos
A pandemia tem impactos diferentes sobre a economia brasileira e continua a afetar a inflação e as expectativas da sociedade para a alta de preços.
“Embora a ociosidade como um todo evolua rapidamente para retornar ao nível do fim de 2019, o Comitê considera que a pandemia ainda segue produzindo efeitos heterogêneos sobre os setores econômicos, com consequências para a dinâmica recente e prospectiva da inflação”, considerou a diretoria colegiada.
O Copom, de acordo com o documento, avalia que os dados de atividade e do mercado de trabalho formal sugerem que a ociosidade da economia como um todo se reduziu mais rapidamente que o previsto, apesar do aumento da taxa de desemprego.
Para o Comitê, de acordo com a ata, o segundo semestre do ano deve mostrar uma retomada robusta da atividade, na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente.
No encontro, a diretoria considerou que, a despeito da intensidade da segunda onda da pandemia, os últimos dados disponíveis continuam surpreendendo positivamente. “O Comitê notou que a mediana das projeções de crescimento, segundo a pesquisa Focus, sofreu revisões significativas e passou a ser mais otimista do que as do seu cenário básico”, pontuaram no documento.
(*Com informações de Reuters e Estadão Conteúdo)
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