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Finanças

Payroll: o que é, como funciona e qual a importância para o trader

Especialistas comentam como os dados do payroll mexem com o mercado financeiro e como o trader pode operar.

O que é payroll? Esse nome é velho conhecido de traders experientes do mercado financeiro, mas, para muitos investidores, a volatilidade trazida por ele mensalmente pode causar confusão. Afinal, quais são os cuidados que o payroll exige do investidor?

Veja abaixo 4 pontos sobre o payroll e sua importância para o trades. 

O que é payroll?

Payroll é um relatório sobre a economia dos Estados Unidos divulgado sempre na primeira sexta-feira de cada mês, às 8h30 do horário de Washington (o equivalente a 9h30 pelo horário de Brasília, mas é possível haver mudanças em época de horário de verão nos EUA). 

LEIA MAIS: Como o índice de emprego dos EUA mexe com os seus investimentos

Quais são os principais indicadores divulgados com o payroll?

O relatório traz dados do mercado de trabalho nos EUA, sem considerar o setor agrícola, com informações como ganho médio por hora e taxa de desemprego. Mas o relatório traz ainda outros números importantes, como a balança comercial do país. 

Payroll divulga dados do mercado de trabalho nos EUA. Pessoas em uma fila no centro de carreiras em Louisville, EUA.
Payroll divulga dados do mercado de trabalho nos EUA. Na foto, centro de carreiras em Louisville, EUA. REUTERS/Amira Karaoud/File Photo

Qual a importância do payroll para o mercado financeiro e seu reflexo?

As informações contidas no payroll são consideradas um dos principais termômetros da economia norte-americana, a maior do mundo. Por isso, investidores analisam os dados para montarem estratégias de acordo com as previsões para a economia do país e seus reflexos em outros mercados. Isso tem relação direta, por exemplo, com o potencial de queda ou alta do dólar frente a outras moedas. 

“O payroll é um indicador de referência que mostra o quão aquecida está a economia americana em seu mercado de trabalho, e isso, em cadeia, produz uma série de consequências na economia mundial”, comenta Ricardo Hiraki, CEO e cofundador da Plano Finanças Pessoais. 

“Vale lembrar que os EUA têm 25% do PIB mundial, assim, quando temos sinais de aquecimento por lá, gera uma grande confiança nos investidores, governos e empresários do mundo todo. Também afeta e muito o dólar e o câmbio mundial”, diz Hiraki.

Marcelo Cambria, professor da Fecap e especialista em investimentos, aponta que, entre os dados divulgados no payroll, “o mercado financeiro é mais sensível à taxa de desemprego, à balança comercial e, depois, ao ganho médio por hora trabalhada”. 

“Isso porque, como envolve principalmente nível de ocupação, é uma proxy de como será nos próximos tempos a geração de renda daquela população e daquele mercado. Portanto, incentiva ou não investimentos internos e externos a serem feitos nas empresas”, diz ele. 

Ainda comentando como analisar e interpretar os dados do payroll e pensando em bolsa de valores, o especialista acrescenta que o payroll indica “quais são as principais indústrias, quais estão prosperando, contratando mais, evoluindo, e isso indica também para onde o dinheiro está sendo canalizado e pode ser mais canalizado”. 

“Assim, as equipes de research de bancos fazem uma análise de qual é o setor que mais está contribuindo e, portanto, isso ganha atenção no mercado. Identifica para onde o recurso está indo e também gera oportunidades de investimentos para o investidor de bolsa”, explica Cambria. 

Como operar o payroll

Embora os dados do payroll possam mexer com o mercado por afetarem a previsão de grandes investidores sobre o cenário macroeconômico, o relatório também mexe com o mercado no curtíssimo prazo. Isso significa que o payroll causa, tradicionalmente, uma forte volatilidade a cada divulgação – antes, durante e depois dela. 

O analista Hugo Carone, da Easynvest by Nubank, explica que, por saberem que o mercado passa por um intenso sobe e desce em manhã de divulgação de payroll, muitos investidores saem das operações nesses momentos. Com menos “participantes”, então, o mercado fica mais suscetível a oscilações – daí a origem da tradicional volatilidade do payroll na bolsa, no câmbio e nos juros. 

Mas o que o investidor precisa saber para operar no payroll? Cambria diz que, “para operar payroll, o pessoal opera as expectativas.” “Se o mercado entende que vai vir acima do esperado, é momento de ficar comprado na bolsa e ganhar, portanto, com a alta dos setores de bolsa dos EUA. E isso também interfere no mercado local brasileiro”, diz. “Se ele entende que vai vir aquém, é momento de ficar vendido e ganhar com a queda de preço.”

Hiraki acresenta que “existem alguns caminhos e estratégias para operar”. “O principal para traders mais experientes é o mercado futuro , especialmente envolvendo contratos em dólar. Mas existe também a estratégia de rompimentos e tendências, na qual o trader observa cenários, aguarda o indicador payroll e realiza compras (ou se posiciona) de acordo com o que acredita que o mercado financeiro irá se comportar”

Ele aponta ainda que “um modo mais conservador é trabalhar na estratégia de média móvel. Significa que o trader realiza compras e vendas buscando a média do mercado financeiro e os investidores.” 

Operação do payroll na prática

No vídeo abaixo, Carone mostra ao investidor o que acontece com o Ibovespa, principal indicador da bolsa de valores brasileira, a B3, no momento em que o payroll é divulgado. Veja:

Pensando em estratégias para o trader que quer operar no payroll, a recomendação é o investidor avaliar antes se já tem experiência suficiente para isso. Para quem está no início, Carone indica começar com simulações em contas demo. “Opera para você sentir, começar a entender como o mercado trabalha nesse momento específico”, ensina. 

Para aqueles que têm mais experiência, existem diversas estratégias possíveis para lucrar com o payroll. “Cada um gosta de operar de uma forma. Eu, particularmente, como sei que vem volatilidade, tento trabalhar de forma oposta. Então, em um mercado começando a subir normalmente você pensa o quê? Eu vou comprar, vou fazer mais projeções, vou buscar o que tenho graficamente para encontrar uma possível região em que os preços não venham a ser superados. Então, em vez de comprar, eu opero vendido, numa reação positiva. Ou, se tiver uma reação negativa, eu opero comprado. Mas, com muito estudo por trás, para determinar esses pontos”. 

Hugo alerta que “esses pontos de referência trabalham de uma forma muito ágil. Então, o ideal é usar uma ordem chamada OCO. É uma ordem na qual você coloca, por exemplo, uma compra no gráfico e ele vai ter já a sua compra, o seu limite de perda, o seu alvo, toda a estrutura já está montada. Porque não dá tempo de querer entrar para depois incluir as outras ordens. É muito rápido.” 

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Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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